terça-feira, 25 de novembro de 2014

Carta aberta dos editores dos periódicos da Saúde Coletiva à comunidade científica brasileira

Em reunião realizada no dia 18 de Novembro de 2014, nós, editores de revistas brasileiras de Saúde Coletiva, decidimos criar o Fórum de Editores de Saúde Coletiva, ligado à Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), como modo de melhor articular nossa ação política e científica. 
A reunião foi motivada pela perspectiva de importantes modificações no panorama da editoração científica nacional, sinalizada por dois importantes atores, a CAPES e a SciELO. 

Como Fórum, concordamos que nosso objetivo comum, e de toda a comunidade científica brasileira, em especial a da área de Saúde Coletiva, é o de aprimorar cada vez mais a qualidade e a visibilidade, nacional e internacional, de nossas revistas. Reconhecemos o papel desses interlocutores nesse sentido, especialmente da SciELO, que ocupa lugar central nesse processo. Chamamos a atenção, contudo, para o fato de que é necessária uma reflexão densa sobre os conceitos-chave dessa discussão, como, por exemplo, “qualidade” e “internacionalização”. A qualidade de periódicos não deve ser avaliada exclusivamente ou mesmo principalmente por indicadores bibliométricos, crescentemente criticados (ADLER et al., 2008; CAGAN, 2013; CASADEVALL; FANG, 2014). Do mesmo modo, a internacionalização de periódicos brasileiros não pode ser entendida apenas como a publicação em inglês de artigos de autores residentes no exterior, nem pode, ou deve, ser exigida uniformemente de todos os periódicos da nossa área. Há também uma dimensão política e econômica nessa discussão que não pode ser ignorada (DE CAMARGO JR, 2014; CASADEVALL; FANG, 2014; VESSURI et al., 2013). 

Para o desenvolvimento da ciência brasileira é necessária a existência de um ecossistema editorial amplo, isto é, um parque de publicações com abrangências temáticas e regionais variadas, e de qualidade; como um conjunto de editores de periódicos científicos europeus, signatários de documento que criticou proposta de classificação de revistas feita pela European Science Foundation, afirmou: “Nossas publicações são diversas, heterogêneas e distintas. Algumas são destinadas a um público amplo, geral e internacional, outras são mais especializadas em seus conteúdos e audiência implícita. Seu alcance e leitores não dizem nada sobre a qualidade do seu conteúdo intelectual.” (ANDERSEN et al., 2008) Não há métricas de aplicação universal a todos os periódicos, nem mesmo os periódicos de uma mesma área, mais ainda uma área interdisciplinar como a Saúde Coletiva. Ciências aplicadas, mais próximas de demandas sociais, têm um perfil de leitores que se estende muito além da academia, por exemplo, e o público leitor também tem que ser considerado em qualquer discussão sobre o periodismo científico. 

As manifestações recentes da CAPES sobre o tema da internacionalização de periódicos brasileiros são vagas, não nos permitindo ter clareza sobre o que de fato se pretende fazer; tememos que propostas excessivamente restritivas e concentradoras possam vir a ser formuladas. 

O portal SciELO foi criado a partir da ideia generosa de fortalecer as publicações nacionais e contribuir para o diálogo Sul-Sul e ao longo do tempo contribuiu e favoreceu a maior visibilidade dos periódicos nacionais. No entanto, o documento “Critérios, política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos científicos na Coleção SciELO Brasil” não explicita a base de análise que levou ao estabelecimentos de tais critérios. Isso é ainda mais relevante quando se considera que alguns desses critérios interferem na autonomia editorial dos periódicos. 

Compreendemos que há profundas modificações em curso no periodismo científico, em nível global, diante das quais precisamos nos posicionar. Precisamente por conta disso, pedimos que essa discussão seja empreendida da forma mais ampla possível, sem decisões a priori, e que inclua atores importantes no financiamento da própria pesquisa brasileira, como o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Ministério da Saúde (no caso dos periódicos da área de saúde) e as fundações estaduais de apoio à pesquisa. A divulgação científica é uma parte essencial do processo de produção da ciência, e é fundamental que os atores-chave na área de ciência, tecnologia e inovação em nosso país tenham uma política clara, efetiva e não restritiva, que vise ao fortalecimento e à melhoria da qualidade editorial do conjunto dos periódicos nacionais que dão visibilidade aos resultados de pesquisas produzidas com recursos públicos, propiciando informações para subsidiar a discussão e definição de políticas públicas setoriais fundamentais para o desenvolvimento do país. 

ASSINAM O DOCUMENTO OS EDITORES-CHEFE DOS SEGUINTES PERIÓDICOS: 

Cadernos de Saúde Pública 
Marilia Sá Carvalho 
Claudia Travassos 
Claudia Medina Coeli 

Ciência & Saúde Coletiva 
Maria Cecília de Souza Minayo 
Romeu Gomes 

Epidemiologia e Serviços de Saúde 
Leila Posenato Garcia 

Interface: Comunicação, Saúde, Educação 
Antonio Pithon Cyrino
Lilia Blima Schraiber
Miriam Foresti 

Physis 
Kenneth Camargo 

Revista Brasileira de Epidemiologia 
Moisés Goldbaum

Marcia Furquim de Almeida 

Revista Brasileira de Saúde Ocupacional 
Eduardo Algranti

José Marçal Jackson Filho 
Eduardo Garcia Garcia 

Revista de Saúde Pública 
Carlos Augusto Monteiro 

Saúde e Sociedade 
Helena Ribeiro

Cleide Lavieri Martins 


REFERÊNCIAS: 

ADLER, R.; EWING, J.; TAYLOR, P. Citation Statistics: A Report from the International Mathematical Union (IMU) in Cooperation with the International Council of Industrial and Applied Mathematics (ICIAM) and the Institute of Mathematical Statistics (IMS) Joint Committee on Quantitative Assessment of Research. Berlin, Germany: International Mathematical Union (IMU), June 12. Joint Committee on Quantitative Assessment of Research. pp, 2008. 

ANDERSEN, H.; ARIEW, R.; FEINGOLD, M.; et al. Editorial-Journals under Threat: A Joint Response from History of Science, Technology and Medicine Editors. CSIRO PUBLISHING 150 OXFORD ST, PO BOX 1139, COLLINGWOOD, VICTORIA 3066, AUSTRALIA, 2008. 
CAGAN, R. San Francisco Declaration on Research Assessment. Disease models & mechanisms, p. dmm. 012955, 2013. 

DE CAMARGO JR, K. R. Big Publishing and the Economics of Competition. American journal of public health, v. 104, n. 1, p. 8–10, 2014. 

CASADEVALL, A.; FANG, F. C. Causes for the Persistence of Impact Factor Mania. mBio, v. 5, n. 2,p. e00064–14, 2014. 

VESSURI, H.; GUÉDON, J.-C.; CETTO, A. M. Excellence or quality? Impact of the current competition regime on science and scientific publishing in Latin America and its implications for development. Current Sociology, p. 0011392113512839, 2013. 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Entrevista: O relato dos ouvidores de vozes nas redes sociais

Por Martha San Juan França

A troca de informações no ambiente virtual por parte de pessoas diagnosticadas pelo saber tradicional como portadoras de distúrbios mentais (ouvir vozes) é o tema da dissertação de mestrado de Octávia Cristina Barros, no Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O artigo “Ouvir vozes: um estudo sobre a troca de experiências em ambiente virtual”, para o número 50 (v. 18, jul./set. 2014) da revista Interface – Comunicação, Saúde e Educação, assinado em conjunto com o seu orientador Octavio Domont de Serpa Júnior, coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicopatologia Subjetividade do Instituto, mostra uma iniciativa ainda pouco conhecida no Brasil mas que existe em 26 países. Trata-se da rede Intervoice, um exemplo de como os ouvidores de vozes utilizam a internet para criar laços sociais e um novo entendimento sobre essa experiência. Na entrevista a seguir, Domont de Serpa Júnior explica os fundamentos desse movimento de ajuda interpares (peer support) incluindo suas formas de organização digital, que podem se tornar um caminho auxiliar de recuperação para pessoas marcadas com transtorno psiquiátrico; e de formação para os profissionais dedicados aos cuidados com a saúde mental.

1. O que é o movimento Intervoice?

O Intervoice (The International Network for Training, Education and Research into Hearing Voices) é uma organização internacional criada na Holanda no final da década de 1980 como resultado do trabalho do psiquiatra holandês Marius Romme e de sua colega Sandra Escher. Sua proposta é oferecer suporte administrativo e coordenar uma série de iniciativas destinadas a promover o emprego de novas abordagens no cuidado dos ouvidores de vozes. Parte do princípio de que o problema principal não é o fato de ouvir vozes, mas a dificuldade de estabelecer algum tipo de convivência com elas. A troca de experiências e de narrativas pessoais representa uma alternativa ao conhecimento psiquiátrico tradicional e uma estratégia de vivência. Hoje existem redes nacionais de ouvidores de vozes em 26 países coordenadas pelo Intervoice, que é dirigido por um conselho constituído por pessoas que ouvem vozes e por profissionais especializados. Em 2007, o Intervoice criou uma página na internet para promover essa troca de experiências (http://www.intervoiceonline.org/).

2. Qual o interesse do Laboratório de Psicopatologia e Subjetividade da UFRJ nesse tipo de pesquisa?

O principal objetivo do Laboratório de Psicopatologia e Subjetividade do IPUB/UFRJ é reunir pesquisadores voltados para o estudo das experiências e narrativas de adoecimento, tratamento e superação de pessoas diagnosticadas com transtorno mental. Particularmente, conheci o Intervoice a partir do interesse que me foi suscitado pelo assunto, em função de uma experiência clínica produzida por iniciativa de alguns pacientes de um hospital onde eu trabalhava, ainda antes do trabalho no IPUB. Esses pacientes propuseram a criação de um grupo de ouvidores de vozes seguindo o exemplo do Intervoice. A partir da bibliografia, examinamos a concepção de sujeito, presente nesse tipo de dispositivo de ajuda mútua, pensando no nosso interesse em estudar a experiência e a narrativa do adoecimento na saúde mental.

3. Qual o objetivo de pesquisa clínica com esses grupos?

Uma das preocupações que estavam na origem dos grupos de ouvidores de vozes partiu da constatação de que muitos pacientes atendidos estavam em tratamento, recebiam atendimento adequado, inclusive farmacológico, e ainda assim a experiência persistia. Ao compartilhar esse tipo de vivência em um grupo, essas pessoas conseguiram uma melhor convivência com as vozes, estimulando a troca de experiência e a produção de narrativas pessoais sobre o assunto. O pioneirismo desse tipo de abordagem visa a considerar as vozes não como uma expressão natural de um processo de adoecimento, mas uma experiência que faz parte de um contexto mais amplo da vida.

A nossa pesquisa clínica ainda é limitada, mas verificamos que o exercício de construção de narrativas sobre o ouvir vozes permite que cada sujeito consiga dar um resignificado alternativo à sua experiência e construa um sentido que a torne menos sofrida, menos dolorosa. Isso nós vimos acontecer.

4. O sentido desses grupos é o mesmo de outros formados na ajuda mútua a pacientes com problemas físicos, como por exemplo, câncer, diabetes, doenças cardíacas?

O espírito é o mesmo de troca de experiências. A diferença é que o Intervoice tem um espírito forte de questionamento da leitura única da biomedicina para esta experiência. O movimento busca outros entendimentos, outras significações para a experiência de ouvir vozes. Suponho, porque não sou um conhecedor profundo desses outros grupos, que existe uma adesão a priori da versão biomédica da doença. No caso de transtornos mentais há mais concorrência de outras interpretações e no caso do Intervoice isso é muito claro. Os interessados em participar se agrupam pela reivindicação de uma experiência subjetiva comum e não pela posse de uma etiqueta diagnóstica. Não existe uma única narrativa totalizante que dê conta da experiência de ouvir vozes, cada um está procurando a sua.

5. E como as mídias sociais se inserem nesse tipo de abordagem?

O trabalho com as mídias sociais faz parte da dissertação de mestrado de Octavia Cristina Barros e está sendo mais exploratório e descritivo dessa experiência. Ela utiliza para isso a netnografia, método de pesquisa destinado a investigar as novas formações sociais que surgem quando as pessoas se comunicam e se organizam no universo digital. Octavia se fixou no estudo das diferentes ferramentas de mídias digitais que o Intervoice tem utilizado, começando pelo próprio site que hoje não tem muita interatividade, passando para o Facebook. Há também uma página no Twitter e um canal no YouTube.

6. Os grupos de ouvidores de vozes do Brasil participam do movimento?

Os brasileiros não têm um grupo no Facebook, mas podem, se quiserem, participar do Intervoice, sediado na Inglaterra, que é público. É só pedir para participar do grupo. Na sua dissertação, a Octavia está analisando o Facebook da Intervoice internacional.

7. Em sua opinião, até que ponto as redes podem ser usadas para ajudar essas pessoas?

É isso que estamos procurando responder. Por enquanto ainda é uma aposta. A aposta de que as redes sociais podem sim cumprir um importante papel de compartilhamento de experiências entre pessoas que ouvem vozes e entre pessoas que não têm essa experiência, mas podem conhecer o que é viver esse tipo de estado mental emocional. Também acreditamos que esse compartilhamento é formador para profissionais e futuros profissionais da área de saúde mental, tornando-se um banco ou um repositório de relatos de experiências com as quais possam entrar em contato. Mas ainda é uma aposta.

A pesquisa abordou dois aspectos – a questão do suporte mútuo e a de busca de alternativas em relação à medicação. Em relação a essa última questão, ela constatou que uma proporção significativa dos participantes (30%) experimenta os “sintomas” de ouvir vozes, apesar do uso de remédios. Também foi constatado que a forma como cada pessoa lida com essa experiência interfere diretamente no seu cotidiano sem causar necessariamente prejuízos ou dificultar tarefas. Mas há um número significativo de pessoas que sofrem com os aspectos negativos e incapacitantes dessa experiência.

Para ler os artigo, acesse:

BARROS, Octávia Cristina; SERPA JUNIOR, Octavio Domont de.Ouvir vozes: um estudo sobre a troca de experiências em ambiente virtual.Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50 [citado 2014-10-23], pp. 557-569. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832014000300557&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0680.

Link relacionado:
Interface – Comunicação, Saúde, Educação – <http://www.scielo.br/icse/>

Octavio Domont de Serpa Júnior é médico com especialização em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com mestrado e doutorado em Psiquiatria, Psicanálise e Saúde Mental pela UFRJ, e pós-doutorado no Centre de Recherche en Épistémologie Appliquée/École Polytechnique. Atualmente é professor-adjunto da UFRJ, onde coordena o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicopatologia e Subjetividade. Tem experiência em ensino e pesquisa nas áreas de Psicologia, Saúde Mental e Psiquiatria, com ênfase em Psicopatologia, atuando principalmente nos temas de psiquiatria, psicopatologia, subjetividade, metodologias da primeira pessoa, narrativas, alucinação auditiva verbal, esquizofrenia, fenomenologia, filosofia da mente, psicanálise e história da psiquiatria.

Fonte: http://humanas.blog.scielo.org/blog/2014/10/28/o-relato-dos-ouvidores-de-vozes-nas-redes-sociais/

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Já no SciELO: A pesquisa-ação em estudos interdisciplinares: análise de critérios que só a prática pode revelar

TOLEDO, Renata Ferraz de; GIATTI, Leandro Luiz  e  JACOBI, Pedro Roberto. A pesquisa-ação em estudos interdisciplinares: análise de critérios que só a prática pode revelar. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.51, pp. 633-646.  Epub 26-Set-2014. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0026.

Este artigo propõe uma reflexão sobre critérios para a metodologia da pesquisa-ação, visando contribuir para o atendimento de premissas necessárias à aplicação e melhoria da qualidade de investigações participativas, em contextos socioambientais e de saúde. Para a construção desta estrutura de abordagem, foram utilizados resultados da análise de dissertações e teses sobre pesquisa-ação de caráter interdisciplinar, na interface das áreas saúde, educação e ambiental. A análise de situações práticas permitiu identificar elementos favoráveis ao alcance dos objetivos de uma pesquisa-ação e compreensão de sua dinâmica organizacional. Foram estabelecidos os seguintes critérios: flexibilidade metodológica; combinação de múltiplos instrumentos de pesquisa e intervenção; e o nível de participação e cooperação dos/e entre sujeitos e pesquisadores. A pesquisa-ação revela-se como uma adequada proposta frente a desafios interdisciplinares quando executada contemplando os critérios aqui estudados.
Palavras-chave : Pesquisa-ação; Interdisciplinaridade; Participação; Saúde.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000400633&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Programa Mais Médicos: Interface disponibiliza texto de abertura do debate que tratará deste Programa

OLIVEIRA, Felipe Proenço; VANNI, Tazio; PINTO, Hêider Aurélio; SANTOS, Jerzey Timoteo Ribeiro; FIGUEIREDO, Alexandre Medeiros; Sidclei Queiroga ARAÚJO, Mateus Falcão Martins Matos; CYRINO, Eliana Goldfarb. Mais Médicos: um programa brasileiro em uma perspectiva internacional. Interface (Botucatu) [online]. ahead of print, pp. 0-0. ISSN 1807-5762.  

A escassez de profissionais de saúde em áreas remotas e vulneráveis é um importante obstáculo para a universalização do acesso a saúde em diversos países. Este artigo examina as políticas de provimento de profissionais de saúde na Austrália, nos Estados Unidos da América e no Brasil. Apesar do sucesso parcial de iniciativas anteriores, foi apenas com o Programa Mais Médicos que a provisão de médicos em áreas vulneráveis teve a magnitude e a resposta em tempo adequado para atender a demanda dos municípios brasileiros. Estão em curso no país mudanças quantitativas e qualitativas na formação médica que buscam garantir não apenas a universalidade, mas também a integralidade e sustentabilidade do Sistema Único de Saúde. O êxito destas iniciativas dependerão da continuidade da articulação interfederativa, de políticas regulatórias de estado, bem como, do constante monitoramento e aprimoramento do programa.

Palavras-chaves: Mais Médicos. Atenção Básica à Saúde. Brasil. Austrália. Estados Unidos da América.

Já no SciELO (Ahead of print): Acesso à informação em saúde e cuidado integral: percepção de usuários de um serviço público

LEITE, Renata Antunes Figueiredo et al. Acesso à informação em saúde e cuidado integral: percepção de usuários de um serviço público. Interface (Botucatu) [online]. ahead of print, pp. 0-0.  Epub 30-Set-2014. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0653.

O objetivo deste trabalho foi identificar a percepção de usuários de um serviço de saúde sobre direito à informação e integralidade do cuidado. Trata-se de pesquisa qualitativa, exploratória, com orientação analítico-descritiva, cujo eixo teórico foi o direito à saúde relacionado ao acesso a informação e integralidade do cuidado. As seguintes categorias foram construídas: dificuldades para concretização do cuidado humanizado à saúde em uma unidade básica; despersonalização da relação profissional/usuário do serviço; lacunas na infraestrutura física e humana do serviço; e relacionamento interpessoal entre os diferentes atores do processo de cuidar. O acesso à informação se constitui como aspecto central para a promoção do cuidado integral à saúde. Para conseguir proporcioná-lo de forma adequada, torna-se importante sensibilizar a equipe com relação à importância do empoderamento do usuário, para torná-lo protagonista do cuidado e tê-lo como um aliado no processo do cuidar.

Palavras-chave : Direito à saúde; Acesso à informação; Assistência integral à saúde; Humanização da assistência; Saúde Pública.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014005030653&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Já no Scielo (Ahead of print):Interdependência entre os níveis de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS): significado de integralidade apresentado por trabalhadores da Atenção Primária

MACEDO, Lilian Magda de  e  MARTIN, Sueli Terezinha Ferrero. Interdependência entre os níveis de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS): significado de integralidade apresentado por trabalhadores da Atenção Primária. Interface (Botucatu) [online]. ahead of print, pp. 0-0.  Epub 30-Set-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0597.

A Integralidade constitui um importante princípio do SUS, conquistado com as lutas do movimento sanitário brasileiro. Representa ampliação dos conceitos saúde e doença, abarcando os determinantes sociais das necessidades em saúde. Pesquisa com o objetivo de investigar os significados de Integralidade apresentados por trabalhadores da Atenção Primária foi desenvolvida em munícipio de médio porte paulista, envolvendo distintos modelos tecnológicos de organização do trabalho nas Unidades Básicas de Saúde. Dentre os resultados, a dimensão de Integralidade do Sistema apresentou-se com maior frequência, conforme análise a partir de grupos focais. Os trabalhadores apontaram dificuldades de integração e comunicação entre os níveis de atenção à saúde, determinadas por políticas sociais seletivas e serviços de média/alta tecnologia delegados ao mercado privado. Os aportes teórico-filosóficos do estudo pautaram-se na Psicologia Histórico-Cultural, a partir das categorias: trabalho/atividade; consciência; mediação e totalidade.

Palavras-chave : Integralidade; Atenção Primária em Saúde; Psicologia histórico-cultural; Políticas sociais; Trabalho.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014005030597&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Press release do último fascículo da Interface, n.50

Interface - Comunicação, Saúde e Educação
Press release, n.50


O fascículo 50 (v.18, jul/set 2014)  da revista Interface - Comunicação, Saúde e Educação aborda em seu Dossiê (Usos e abusos da pesquisa qualitativa em saúde) o crescente uso, importância e a contribuição da pesquisa qualitativa e de caráter interdisciplinar no campo da Saúde Coletiva, aprofundando os problemas e desafios dessa abordagem. Esta temática é aprofundada com os textos dos autores que participaram da mesa de mesmo tema no VI Congresso Nacional de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (Rio de Janeiro, 2013). Ao apontar alguns abusos comuns que ameaçam a credibilidade da pesquisa qualitativa, a edição pretende contribuir para que esta metodologia ganhe força na compreensão dos processos saúde-doença-cuidado, ampliando o conhecimento do campo mediante uma adequada articulação teoria e técnica.
O primeiro artigo do Dossiê aponta a necessidade de associar a pesquisa qualitativa a indagações científicas, ou o diálogo entre teoria e método para conferir sentido aos “dados”. O segundo ressalta que, junto com a metodologia qualitativa, os trabalhos de Saúde Coletiva devem incorporar o mesmo referencial teórico das Ciências Sociais para conceber os fenômenos sociais (e também naturais) avaliados. E o terceiro reflete sobre esses problemas que levaram à criação do Guia RATS (Qualitative Research Review Guidelines) que orienta os autores sobre a estrutura de pesquisas qualitativas.
Os outros artigos de Interface apresentam em comum a reflexão sobre a necessidade de um novo olhar e de um processo formador mais criativo para a indução de mudanças na saúde pública. Por exemplo, o estudo que aponta alguns problemas relacionados às evidências científicas sobre intervenções musicais na assistência a pacientes com câncer. Seus autores apontam limitações na descrição dos recursos e estruturas musicais que poderiam beneficiar os pacientes e na qualidade dos relatórios de intervenções musicais, que resultariam na banalização do potencial terapêutico da música e limitação de sua incorporação na prática clínica.
Outro estudo aponta as dificuldades de contato e comunicação entre os imigrantes bolivianos, muitos deles com dificuldade até de falar a língua portuguesa, e trabalhadores do Programa Saúde da Família no bairro do Bom Retiro, na capital paulista. Para vencer essa dificuldade, foram apontadas estratégias variadas, como a contratação de agente de saúde boliviano, produção de material educativo em língua espanhola e utilização de "rádios bolivianas", capazes de traduzir-se na melhoria do serviço em saúde.
Outro estudo foi realizado em uma comunidade tradicional de quilombolas em Tijuaçu, Senhor do Bonfim (BA), visando integrar a produção agrícola local, atualmente desestimulada pela ameaça ao domínio de seus territórios e ao precário acesso às políticas públicas, ao Programa Nacional de Alimentação Escolar. O estudo realizado na comunidade avaliou as perspectivas de sucesso do programa, destinado a garantir a segurança alimentar e nutricional e gerar renda às famílias e desenvolvimento local.
Os referenciais teóricos e seu impacto no cotidiano de trabalho foram o tema de outro estudo realizado com nutricionistas participantes de grupos educativos voltados para a promoção da saúde em São Paulo e Bogotá, cidades que têm em comum um aumento das taxas de doenças crônicas não transmissíveis (o que exige ações de prevenção e tratamento). As entrevistas com os profissionais mostraram que o momento é de transição de uma abordagem tradicional, focada no conhecimento científico, para outra mais humanista, que leve em conta as singularidades de saúde e de vida das populações atendidas por esses grupos.
Mudanças nas concepções dos profissionais de saúde também são apontadas como necessárias em outros artigos selecionados para a publicação. Em pesquisa realizada com preceptores e alunos de odontologia, foi avaliado o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), instituído na Universidade de São Paulo, voltado para a integralidade do cuidado. O trabalho indica esse tipo de programa como um modelo de formação capaz de desenvolver nos alunos a valorização do setor público e a sensibilidade social, sem negligenciar a qualificação técnica.
A necessidade de integrar a prática odontológica ao estudo acadêmico também foi levantada em outro artigo com futuros cirurgiões-dentistas, matriculados na Universidade Estadual de Montes Claros (MG). A pesquisa buscava conhecer as expectativas e compreender as percepções dos acadêmicos em relação ao atendimento dos pacientes vivendo com HIV/Aids. Embora todos tivessem informações teóricas adequadas sobre o vírus, foi constatado que ainda estão em vigor muitas representações estereotipadas de medo dos pacientes, traduzidas na tendência em superestimar os riscos de transmissão.
A saúde mental foi tema de três artigos nessa edição de Interface, objetivando refletir sobre as mudanças no cuidado às pessoas com distúrbios psiquiátricos. Um deles sobre a formação profissional e a prática dos acompanhantes terapêuticos, profissionais que auxiliam no processo de autonomia dos portadores desses distúrbios na Grande Vitória (ES). A atividade, ainda pouco conhecida, é realizada principalmente por mulheres graduadas em psicologia e se apresenta de forma pouco estruturada no serviço público, tornando-se difícil oferecê-la aos usuários.
Em outro artigo, foi enfatizada a necessidade de supervisão clínico-institucional de um grupo de trabalhadores de uma rede de saúde mental em um município de pequeno porte do interior do Nordeste, como ferramenta de educação permanente e espaço para o diálogo e a cooperação entre diferentes profissionais, serviços e gestão-administração. Nas entrevistas, foram evidenciadas as expectativas do grupo em relação à supervisão, parte voltada a um modelo mais hierárquico de saberes e parte para um modelo de inspiração mais humanista e participativa.
A saúde mental também foi tema de uma pesquisa original realizada no âmbito do Laboratório de Psicopatologia e Subjetividade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com pessoas que ouvem vozes ou que sofrem de alucinação auditiva verbal. O artigo analisa a troca de experiências entre os ouvidores de vozes a partir da criação da rede Intervoice, na Holanda, organização que oferece suporte administrativo e coordena iniciativas em diferentes países para entender a experiência desse tipo de vivência não necessariamente como um sintoma de doença mental. Os autores analisaram postagens de acesso público dos usuários do site Intervoice para entender a forma como os ouvidores de vozes se expressam e se relacionam no ambiente virtual, que pode ser uma ferramenta alternativa para o entendimento do distúrbio.

Antonio Pithon Cyrino, Editor-chefe  
Martha San Juan França, assessora de comunicação

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Já no SciELO (Ahead of print): Humanização em contexto pediátrico: o papel dos palhaços na melhoria do ambiente vivido pela criança hospitalizada

ESTEVES, Carla Hiolanda; ANTUNES, Conceição e CAIRES, Susana. Humanização em contexto pediátrico: o papel dos palhaços na melhoria do ambiente vivido pela criança hospitalizada. Interface (Botucatu) [online]. ahead of print, pp. 0-0. Epub 30-Set-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0536.

Valorizando a importância dos aspetos psicossociais da internação pediátrica, e procurando a criança “por detrás” do corpo doente, vários hospitais têm investido na humanização de espaços, rotinas e atmosfera, procurando promover ambientes acolhedores e atenuantes das experiências negativas vividas pela criança (e família) durante a internação. A par de uma tentativa de sistematização de alguns dos esforços realizados até a data em nível da definição do conceito de “humanização” – nomeadamente em contexto pediátrico –, reflete-se acerca das potencialidades de alguns programas existentes nesse contexto, nomeadamente aqueles que aliam a arte, a recreação, o lazer e o humor como meios privilegiados de comunicação e expressão. Entre estes, destaca-se a intervenção dos palhaços de hospital, como promotora da livre expressão da criança, da sua autonomia, criatividade, exploração e conhecimento do mundo e consequente desenvolvimento psicossocial.


Palavras-chave : Pediatria; Humanização; Palhaços de hospital.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Já no SciELO (Ahead of print): A promoção da saúde de crianças em espaço hospitalar: refletindo sobre a prática fisioterapêutica.

SA, Miriam Ribeiro Calheiros de  e  GOMES, Romeu. A promoção da saúde de crianças em espaço hospitalar: refletindo sobre a prática fisioterapêutica. Interface (Botucatu) [online]. ahead of print, pp. 0-0.  Epub 30-Set-2014. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0192.

Analisa-se a inserção da promoção de saúde na prática do profissional fisioterapeuta em ações voltadas para a atenção à saúde integral da criança em um ambiente hospitalar. Estudo de foco qualitativo, baseado na perspectiva hermenêutica-dialética. Para coleta dos dados, utilizaram-se as técnicas de observação participante e entrevista semiestruturada, e análise a partir de princípios do método de interpretação de sentidos. O estudo foi realizado com fisioterapeutas do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira. Três eixos temáticos sintetizam a discussão dos resultados: a criança como foco da fisioterapia; a promoção da saúde por parte da fisioterapia pediátrica em ambiente hospitalar; e desafios da fisioterapia para a promoção da saúde das crianças. Este estudo aponta para algumas peculiaridades da prática fisioterapêutica, destacando seus limites e possibilidades, voltada para a promoção da saúde.

Palavras-chave : Fisioterapia; Promoção da saúde; Ambiente hospitalar.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014005030192&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Já no SciELO (Ahead of print): Cuidados ginecológicos em mulheres lésbicas e bissexuais: notas sobre a situação na Argentina

BROWN, Josefina Leonor et al. Cuidados ginecológicos em mulheres lésbicas e bissexuais: notas sobre a situação na Argentina. Interface (Botucatu) [online]. ahead of print, pp. 0-0.  Epub 26-Set-2014. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0049.

O artigo apresenta resultados de uma pesquisa qualitativa sobre questões emergentes em saúde sexual e reprodutiva, cujo objetivo foi descrever as experiências de mulheres não heterossexuais em relação aos serviços de saúde sexual e reprodutiva. O objetivo do trabalho foi identificar e analisar as percepções de obstáculos e facilitadores do acesso aos serviços de saúde. Foram realizadas 18 entrevistas semidirigidas com mulheres não heterossexuais e os resultados principais incluíram: o obstáculo específico ao acesso à saúde sexual e reprodutiva das mulheres não heterossexuais deriva de uma “lógica da invisibilidade” dessa população como paciente ginecológica, que resulta na antecipação da discriminação (discriminação sentida) num contexto homo / lesbofóbico, na ausência de produção teórica e intervenções práticas sobre saúde e sexo entre mulheres, e na invisibilidade das lésbicas e bissexuais como coletivo.

Palavras-chave : Sexualidade; Reprodução; Serviço de saúde reprodutiva; Bissexualidade; Homossexualidade feminina.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014005030049&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Já no SciELO: A relação médico-paciente e o mercado da saúde na Colômbia

JORGE MARQUEZ, V. A relação médico-paciente e o mercado da saúde na Colômbia. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 609-617.  Epub 01-Ago-2014. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0066.

Este artigo trata da deterioração da relação médico-paciente pelo sistema de saúde colombiano, baseado nos princípios neoliberais do mercado da saúde. São tão numerosos os dados e as evidências da deterioração dos serviços de saúde na Colômbia durante as últimas duas décadas, que não é necessário utilizar uma metodologia quantitativa de gerenciamento de teste para denunciá-lo. Aqui se mostra a precarização da relação médico-paciente na Colômbia mediante testemunhas de especialistas e observações próprias como usuário do sistema.

Palavras-chave : Relação médico-paciente; História da saúde; Biopolítica; Reforma dos serviços de saúde; Saúde Coletiva.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300609&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Já no SciELO: Ser-estar no sertão: capítulos da vida como filosofia visceral

TADDEI, Renzo. Ser-estar no sertão: capítulos da vida como filosofia visceral. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 597-607. Epub 24-Jun-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0777.

Uma pesquisa etnográfica no sertão cearense, o conceito de mimese corpórea em produção teatral e um filme documentário sobre rastejadores de cangaceiros na caatinga do Ceará, Brasil, são pontos de partida, neste texto, para uma discussão sobre a natureza do processo de “leitura de sinais” no mundo. As reflexões apresentadas sugerem que tais processos sejam entendidos menos como interpretação ou decodificação, e mais como um saber mover-se, no qual o compartilhamento existencial – em especial, a ingestão de substâncias – é elemento fundamental. Os materiais analisados apontam, ainda, para o fato de que a direcionalidade implicada em tal saber mover-se é recorrentemente entendida como dimensão visceral. As vísceras, desse modo, transformam-se em locus privilegiado da experiência e ação no mundo, sendo superfície de contato e equipamento transformador ao mesmo tempo. Tal perspectiva traz novas e instigantes oportunidades à teoria social.

Palavras-chave : Vísceras; Profetas da chuva; Semiótica; Sertão; Ecologia.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Já no SciELO: "Ele é igual aos outros pacientes": percepções dos acadêmicos de Odontologia na clínica de HIV/Aids

ROSSI-BARBOSA, Luiza Augusta Rosa; FERREIRA, Raquel Conceição;SAMPAIO, Cristina Andrade e GUIMARAES, Patrícia Neves. "Ele é igual aos outros pacientes": percepções dos acadêmicos de Odontologia na clínica de HIV/Aids. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 585-596. Epub 09-Maio-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0160.

Este estudo buscou conhecer expectativas e percepções dos acadêmicos de Odontologia da Universidade Estadual de Montes Claros, MG, Brasil, em relação ao atendimento aos pacientes com HIV/Aids. Utilizaram-se observação participante e entrevistas semiestruturadas com nove acadêmicos, sendo identificadas três categorias de análise: ”A expectativa do atendimento na clínica de HIV/Aids”, “O medo de infectar-se” e “Mudança de comportamento”. Percebeu-se que, anterior ao contato com os pacientes, as caracterizações construídas pelos acadêmicos eram estereótipos sociais, como: pessoas magras, homossexuais masculinos e aspecto deprimido. O medo foi observado pela tendência em superestimar os riscos de transmissão, mudando os comportamentos em relação à biossegurança. A etnografia proporcionou perceber a importância da prática clínica odontológica no cotidiano acadêmico, aliada à biossegurança no rompimento dos paradigmas e preconceitos com o paciente com HIV/Aids.

Palavras-chave : Percepção; HIV; Etnografia; Odontologia.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300585&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Já no SciELO: Educação pelo trabalho: reorientando a formação de profissionais da saúde


FONSECA, Graciela Soares; JUNQUEIRA, Simone Rennó; ZILBOVICIUS, Celso e ARAUJO, Maria Ercilia de. Educação pelo trabalho: reorientando a formação de profissionais da saúde. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 571-583. Epub 09-Maio-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0598.

O trabalho se propôs a avaliar o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) instituído na Universidade de São Paulo, Brasil. Os sujeitos do estudo foram preceptores e alunos de odontologia que integraram a proposta entre os anos de 2009 e 2012. Foi utilizada uma abordagem qualitativa, sendo os dados coletados por grupos focais e analisados por análise de conteúdo temática. Os resultados evidenciam que a educação pelo trabalho é capaz de auxiliar no processo formativo, ampliar o olhar do estudante em direção ao processo saúde/doença e despertar para atuação futura no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma das vantagens apontadas consiste no estabelecimento da interdisciplinaridade no processo formador. Os resultados do estudo traduzem o programa como um poderoso instrumento de indução de mudanças nas concepções dos profissionais de saúde.

Palavras-chave : Odontologia; Educação em Saúde; Recursos humanos; Pesquisa qualitativa; Educação Superior.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300571&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Já no SciELO: Ouvir vozes: um estudo sobre a troca de experiências em ambiente virtual

BARROS, Octávia Cristina e SERPA JUNIOR, Octavio Domont de. Ouvir vozes: um estudo sobre a troca de experiências em ambiente virtual. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 557-569. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0680.

O presente artigo, por meio do estudo da troca de experiência entre os ouvidores de vozes em um ambiente virtual, explora como essas pessoas criam estratégias para compartilhar sua vivência em um coletivo, na busca de alternativa ao saber psiquiátrico acerca da alucinação auditiva verbal. Discorre sobre a criação da rede Intervoice e de sua migração para o ambiente virtual. O emprego da netnografia demonstra que esse ambiente é propício para explorar a troca de experiências entre os ouvidores de vozes, enfatizando sua relação com o uso da medicação e a forma de lidar com as vozes. Observa a forma como os ouvidores de vozes utilizam o ambiente virtual para criar laços sociais e uma nova maneira de estar no mundo.

Palavras-chave : Ambiente virtual; Ouvir vozes; Ajuda interpares.


quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Já no SciELO: A supervisão clínico-institucional como dispositivo de mudanças na gestão do trabalho em saúde mental

SEVERO, Ana Kalliny de Sousa; L?ABBATE, Solange e CAMPOS, Rosana Teresa Onocko. A supervisão clínico-institucional como dispositivo de mudanças na gestão do trabalho em saúde mental. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 545-556. Epub 01-Ago-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0520.

A reforma psiquiátrica brasileira objetiva realizar mudanças relevantes no cuidado às pessoas com transtornos mentais. Nesse contexto, a supervisão clínico-institucional é uma das principais estratégias de qualificação para transformar os modos de gestão de trabalho e da clínica desenvolvidos nos serviços substitutivos. Este artigo analisa a experiência de supervisão clínico-institucional desenvolvida junto à rede de saúde mental de um município de pequeno porte do interior do Nordeste. Utilizamos o referencial teórico-metodológico da Análise Institucional. Os sujeitos envolvidos foram os trabalhadores de um Centro de Atenção Psicossocial 1 e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família. Os principais analisadores destacados: funcionamento da supervisão, gestão do serviço e gestão municipal. Esse dispositivo promoveu o movimento instituinte junto à equipe, proporcionando uma parceria entre os serviços e o gestor municipal, e a mobilização dos trabalhadores como grupos-sujeitos no campo da saúde mental.

Palavras-chave : Reforma Psiquiátrica; Supervisão clínico-institucional; Análise institucional; Gestão do trabalho; Saúde mental.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Já no SciELO: Acompanhantes terapêuticos na Grande Vitória, Espírito Santo, Brasil: quem são e o que fazem?

TRISTAO, Kelly Guimarães e AVELLAR, Luziane Zacché. Acompanhantes terapêuticos na Grande Vitória, Espírito Santo, Brasil: quem são e o que fazem?. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 533-544. Epub 18-Jul-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0759.

O Acompanhamento Terapêutico (AT) é uma ferramenta que possibilita uma ampliação e articulação da rede de saúde mental. Com objetivo de conhecer quem são os acompanhantes terapêuticos (ats) da Grande Vitória/ES, Brasil, e as características dessa prática, foram realizadas dez entrevistas parcialmente estruturadas com profissionais que utilizam, ou utilizaram, o Acompanhamento Terapêutico na rede pública e/ou privada. Os dados obtidos foram analisados a partir da Análise Temática. Os resultados apontam que os ats da Grande Vitória são, em maioria: estudantes de psicologia do sexo feminino, de abordagens teóricas variadas, e cuja formação em Acompanhamento Terapêutico não é realizada a partir de curso da área. A prática de AT na Grande Vitória é caracterizada: pela pouca inserção em equipes de acompanhantes, atuação em dupla, flexibilidade do tempo, por intervenções realizadas na rua e pelo afeto.

Palavras-chave : Saúde mental; Desinstitucionalização; Serviços de saúde mental; Acompanhamento Terapêutico.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Já no SciELO: Perspectivas de segurança alimentar e nutricional no Quilombo de Tijuaçu, Brasil: a produção da agricultura familiar para a alimentação escolar

CARVALHO, Andréia Santos e OLIVEIRA E SILVA, Denise. Perspectivas de segurança alimentar e nutricional no Quilombo de Tijuaçu, Brasil: a produção da agricultura familiar para a alimentação escolar.Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 521-532. Epub 18-Jul-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0804.

A fome e a insegurança alimentar são problemas que atingem milhares de pessoas no mundo. No Brasil, cerca de dez milhões de famílias não possuem renda suficiente para garantir a segurança alimentar. Nas comunidades tradicionais quilombolas constata-se uma grave situação de insegurança alimentar, relacionada à constante ameaça ao domínio dos seus territórios e ao precário acesso às políticas públicas. O estudo analisou as percepções simbólicas e sociais dos quilombolas, na oferta de alimentos agrícolas, ao Programa Nacional de Alimentação Escolar, para promoção de segurança alimentar e nutricional. Utilizou-se a abordagem etnográfica e seus instrumentos. Os resultados mostram que a comunidade concebe e valoriza o alimento “natural” da terra como fonte de sobrevivência e desenvolvimento local. Mesmo com as dificuldades, o Programa Nacional de Alimentação Escolar possibilitará a geração de renda aos agricultores familiares e uma Alimentação Escolar saudável aos estudantes.

Palavras-chave : Alimentação; Alimentação escolar; Segurança alimentar; Agricultura sustentável; Grupo com ancestrais do continente africano.

Acesso:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300521&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Já no SciELO: Grupos de educação nutricional em dois contextos da América Latina: São Paulo e Bogotá

VINCHA, Kellem Regina Rosendo; CARDENAS, Alexandra Pava; CERVATO-MANCUSO, Ana Maria e VIEIRA, Viviane Laudelino. Grupos de educação nutricional em dois contextos da América Latina: São Paulo e Bogotá. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 507-520. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0116.

Este estudo comparou grupos de Educação Nutricional (EN), na dimensão teórica e prática, dentro da Atenção Primária à Saúde, entre São Paulo e Bogotá. A pesquisa descritiva foi realizada em momentos: identificação dos profissionais; caracterização dos grupos educativos; identificação das representações sociais sobre EN; e comparação da articulação entre teoria e prática dos grupos por cidade. Foram identificadas, por meio de entrevista com 54 nutricionistas, 17 Ideias centrais, classificadas em eixos temáticos, que se relacionaram com os grupos. Nos dois contextos, destacou-se a importância do empoderamento dos participantes com semelhanças no perfil das ações, mas com diferenciação na autonomia dos mediadores. Verificou-se que a teoria/prática dos grupos está em transição da abordagem tradicional para outra mais humanista. Entretanto, em uma velocidade lenta comparada às políticas e necessidades de saúde.

Palavras-chave : Atenção Primária à Saúde; Educação em Saúde; Educação alimentar e nutricional; Grupos educativos.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300507&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Campanha destaca papel do jornalismo científico no controle do ebola

A World Federation of Science Journalists divulgou comunicado em que chama a atenção para a importância do trabalho integrado de jornalistas de ciência, cientistas e comunidades para uma comunicação responsável sobre a epidemia de ebola no oeste da África.

A entidade alerta que “a má comunicação (da epidemia) tem claramente aumentado a apreensão entre o público enquanto vem semeando confusão entre cientistas e jornalistas que cobrem o surto”.

De acordo com o comunicado, há conflitos entre a comunicação das medidas de vigilância epidemiológica implementadas pelos governos dos países do oeste africano e as informações geradas e divulgadas entre as comunidades locais rurais e urbanas. “Infelizmente, essa desinformação está se espalhando e aumentando o risco de propagação da doença em toda a África ocidental.”

Para a entidade, a difusão de informações equivocadas sobre a doença e a epidemia é agravada pelo imediatismo das mídias sociais e da comunicação on-line, o que torna a necessidade do trabalho de jornalistas científicos ainda mais crítica. “Temos a profundidade de conhecimento e a amplitude de ferramentas necessárias para cortar o fluxo de rumor e alarmismo e fornecer informações verdadeiras, confiáveis e eficazes”, defende.

O comunicado é assinado por outras 13 entidades de jornalismo científico da África: African Federation of Science Journalists, Association Congolaise des Journalistes Scientifiques, Association des Journalistes et Communicateurs Scientifiques du Bénin, Association des Journalistes et Communicateurs Scientifiques du Burkina Faso, Cameroon Science For Life, Collectif des Journalistes Scientifique de Côte d'Ivoire, Kenya Environment and Science Journalists Association, Media for Environment, Science, Health and Agriculture, Nigeria Association of Science Journalists, Science Journalists and Communicators of Togo, South African Science Journalists Association, The Uganda Science Journalists Association e Zimbabwe Environment and Science Journalists Association.

Juntas, as entidades conclamam governos e organizações internacionais e regionais a reconhecer o valor dos jornalistas de ciência e seu papel crítico na saúde pública.

“O jornalista científico é o profissional que combina as competências de investigação, compreensão do método científico e história da ciência com seu faro para a verdade. Para benefício da sociedade como um todo, precisamos ter uma comunidade de jornalismo científico forte, capaz de criticar e interpretar a informação de modo que possa ser útil na formulação de políticas e na vida diária.”

As entidades solicitam, ainda, o apoio do poder público e da sociedade à formação e ao fortalecimento dos profissionais de jornalismo científico, “de modo que, quando surjam questões como a do ebola, haja comunicadores qualificados e capazes de interpretar as informações relacionadas para o público e gestores públicos”.

A World Federation of Science Journalists iniciou nas redes sociais uma campanha de conscientização para o papel do jornalismo científico na difusão de informações sobre o ebola. O conteúdo relacionado está sendo publicado no Twitter com as hashtags #EbolaResponse, #journalismmatters e #sciencejournalism.

Mais informações em www.wfsj.org.

Fonte: Agência FAPESP

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Já no SciELO: O Programa Saúde da Família no bairro do Bom Retiro, SP, Brasil: a comunicação entre bolivianos e trabalhadores de saúde

AGUIAR, Marcia Ernani de e MOTA, André. O Programa Saúde da Família no bairro do Bom Retiro, SP, Brasil: a comunicação entre bolivianos e trabalhadores de saúde. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 493-506. Epub Ago-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0040.

Este artigo tem como objetivo analisar a interação entre o Programa de Saúde da Família (PSF) e os imigrantes bolivianos localizados no bairro do Bom Retiro na cidade de São Paulo, Brasil, redundando em uma experiência particular. Para tanto, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com bolivianos e trabalhadores da saúde da Unidade de Saúde da Família do Bom Retiro, com a intenção de flagrar, particularmente, dimensões do mundo do trabalho, de moradia e da grande mobilidade espacial imigratória, exigindo a flexibilização da lógica cartográfica do PSF, com a ampliação do conceito de família e estratégias comunicativas – contratação de agente de saúde boliviano, produção de material educativo em língua espanhola e utilização das “rádios bolivianas” –, capazes de traduzir-se na melhoria do serviço em saúde.

Palavras-chave : Comunicação em saúde; Origem étnica e saúde; Imigrantes bolivianos; Programa Saúde da Família; Bairro do Bom Retiro.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300493&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Já no SciELO: Avaliação da qualidade de evidências científicas sobre intervenções musicais na assistência a pacientes com câncer

SILVA, Vladimir Araujo da; LEAO, Eliseth Ribeiro e SILVA, Maria Júlia Paes da. Avaliação da qualidade de evidências científicas sobre intervenções musicais na assistência a pacientes com câncer.Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 479-492. Epub 01-Ago-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0875.

Esta revisão integrativa pretendeu avaliar a qualidade de evidências científicas sobre intervenções musicais na assistência a pacientes com câncer, utilizando descritores indexados nas bases de dados: Bireme, The Cochrane Library, Medline, Embase, Web of Science, CINAHL e Scopus. Foram selecionados quatro ensaios clínicos randomizados (dois de alta e dois de baixa qualidade metodológica) e duas revisões sistemáticas (ambas de alta qualidade metodológica). As maiores limitações dos ensaios clínicos estão na descrição dos recursos e estruturas musicais utilizadas e das revisões sistemáticas, no foco nos delineamentos metodológicos, em detrimento da qualidade dos relatórios das intervenções musicais. Na maioria dos estudos foi apresentada alta qualidade metodológica, mas não foram descritos e tampouco discutidos os recursos e as estruturas musicais utilizados, banalizando o potencial terapêutico da música e limitando sua replicação e incorporação das evidências na prática clínica.

Palavras-chave : Oncologia; Enfermagem oncológica; Neoplasias; Música; Musicoterapia.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300479&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Suplemento Interface - Pró-PET Saúde

Informamos que as submissões para o Suplemento Pró-PET Saúde podem ser feitas até às 23:59 de hoje (15/09/2014), pois ontem o sistema estava em manutenção e alguns autores não conseguiram concluir a submissão.

Periódicos SciELO aperfeiçoam-se com a adoção de fluxos clássicos de gestão online de manuscritos

Por Abel L. Packer, Alex Mendonça e Fábio Almeida

A pesquisa científica tem na publicação dos resultados seu passo culminante. Elaborados originalmente em textos denominados manuscritos, a descrição e discussão das pesquisas são submetidas à avaliação de periódicos científicos para qualificar a pertinência de sua publicação. A avaliação ou arbitragem sobre a pertinência dos manuscritos pressupõe um processo conduzido pelos periódicos de modo transparente, ético e com o apoio de pesquisadores qualificados no tema da pesquisa. Constituindo a operação mais importante que os periódicos realizam no complexo processo de comunicação de pesquisas, ela não é isenta de falhas e vícios e, portanto, de críticas e polêmicas assim como de propostas de aperfeiçoamentos e inovações. Não obstante as críticas, os conflitos de interesses e os desafios que enfrenta, a avaliação de manuscritos realizada por pesquisadores pares prevalece historicamente com sucessivos aperfeiçoamentos, como o sistema de autorregulação, que a comunidade científica adota para atestar a credibilidade das pesquisas. Cabe ao editor-chefe e sua equipe de editores associados a responsabilidade de assegurar que este processo de autorregulação siga os padrões de qualidade requeridos e contribua para o avanço da pesquisa em seu campo temático.
Os periódicos do Brasil enfrentam dificuldades de diferentes naturezas para operar processos de avaliação de manuscritos de acordo com o estado da arte internacional. Entre elas estão o crescimento do número de manuscritos, a disponibilidade limitada de pareceristas de alto nível, o longo tempo que estes levam para realizar as avaliações e a relativa importância que muitos atribuem à atividade e ainda, o questionamento reiterado sobre a qualidade dos manuscritos submetidos e também das avaliações. Além dessas dificuldades inerentes aos sistemas de pesquisa e comunicação, a avaliação de manuscritos requer o concurso de sistemas de gestão automatizados que organizem as funções dos atores envolvidos e facilitem os processos de identificação de pareceristas, de acompanhamento do fluxo de trabalho e da produção de estatísticas dos processos com vistas ao seu melhoramento sistemático.
O Programa SciELO vem promovendo o aperfeiçoamento da gestão de manuscritos dos periódicos que indexa e publica por meio de recomendações, soluções e medidas que se traduzem em critérios e indicadores para aprovação do ingresso e permanência de periódicos na coleção. O objetivo é contribuir para maximizar o profissionalismo e portanto a qualidade da avaliação de manuscritos, eliminar a falta de transparência e minimizar falhas, conflitos de interesses, vícios e o amadorismo. Entre estas medidas básicas estão: a demanda que os periódicos disponibilizam online a estrutura e a composição do corpo editorial, os responsáveis por certificarem a credibilidade das pesquisas que publicam; que as instruções aos autores descrevam detalhadamente o processo de avaliação dos manuscritos; e, que os artigos publicados apresentem a data de submissão e a data de aprovação. Até o final de 2015 todos os periódicos indexados pelo programa deverão operar sistemas automatizados de gestão de manuscritos que sejam certificados pelo SciELO de modo que seja possível o acompanhamento do processo de avaliação pelos autores e editores e que se registre as etapas do fluxo de avaliação dos manuscritos, a participação de editores e pareceristas e as respectivas decisões e recomendações com os devidos níveis de confidencialidade. Os sistemas deverão permitir também como opção a cobrança de taxas de publicação para os periódicos que adotam esta modalidade de financiamento. A tabulação dos registros dará aos editores e ao Comitê Consultivo do SciELO os indicadores de desempenho dos periódicos na gestão dos manuscritos. Atualmente, o SciELO tem certificado os sistemas Open Journal System (OJS) e o ScholarOne, com a previsão de novos sistemas que deverão ser certificados futuramente. Os editores dos periódicos são livres para adotar o sistema que melhor responda à sua política e procedimentos de avaliação de manuscritos. Estes desenvolvimentos são parte integral das linhas de ação do SciELO orientadas a promover a profissionalização, internacionalização e fortalecimento da sustentabilidade financeira dos periódicos.
Como exemplo do avanço do processo de aperfeiçoamento da gestão de manuscritos, analisamos três fluxos clássicos de gestão automatizada de manuscritos que vêm sendo adotados pelos periódicos SciELO Brasil, que denominaremos fluxos A, B e C. Todos os fluxos têm no cargo de Editor-chefe (EC) a responsabilidade principal da gestão da avaliação dos manuscritos, que pode ser compartilhada com Editores Associados (EA), de maior ou menor responsabilidade, e apoiado por um ou mais colaboradores que exercem funções de secretaria, administrativas e executivas (Admin). A gestão dos manuscritos pelos editores-chefes e editores associados pode resultar na rejeição imediata por diferentes razões ou no concurso de pareceristas cujas recomendações vão subsidiar a decisão final sobre a publicação ou rejeição de manuscritos.
Os esquemas a seguir descrevem os três tipos de fluxos de processamento de manuscritos indicando os responsáveis e as funções exercidas em cada etapa.


O fluxo A aplica-se geralmente aos periódicos com número reduzido de manuscritos cujo processo de avaliação pode ser gerido unicamente pelo Editor-chefe. O fluxo B delega aos Editores Associados a responsabilidade da gestão dos manuscritos da sua área de responsabilidade e é recomendado para os periódicos com alto número de manuscritos, amplitude de temas e com editores associados proativos. No fluxo C o Editor-chefe como faz no fluxo B compartilha a gestão dos manuscritos com os Editores Associados, mas reserva a si a responsabilidade da decisão final.
Considerando para análise o conjunto de 57 periódicos que adotaram o sistema ScholarOne nos últimos 2 anos e meio, a partir de janeiro de 2012 fluxo A é adotado por 11 periódicos (19%), o B por 13(23%) e o C por 33 (58%). Neste conjunto predominam os periódicos de ciências da saúde e biológicas, que correspondem a 70% do total, o que pode influenciar a preferência pelo fluxo C.
Considerando somente os periódicos que já processaram pelo menos 50 manuscritos temos um conjunto de 54 periódicos que receberam desde janeiro de 2012 mais de 47 mil submissões com médias anuais de 360, 600 e 800 submissões entre os periódicos do fluxo A, B e C, respectivamente. Os editores chefes dos periódicos que adotam o fluxo B ou o C contam em média com o apoio de 19 e 26 Editores Associados registrados no sistema, respectivamente. Com relação à distribuição da média do número de dias que cada periódico empregou entre a submissão e a decisão final, ela tem mediana de 53 dias e máximo de 151 dias para o fluxo A, 81 e 168 para o B e 87 e 184 para o C. O fluxo C é o mais complexo e o mais utilizado entre os periódicos que adotaram o ScholarOne. Destaca-se também por processar maior número de manuscritos por ano, por operar com número maior de editores associados e por empregar maior tempo médio de processamento. Esta predominância do fluxo C pode alterar-se no futuro à medida que a gestão online de manuscritos seja adotada amplamente pelos periódicos SciELO das demais áreas do conhecimento.
No geral, os resultados mostram resultados promissores e sinalizam a viabilidade da decisão do SciELO de exigir que os periódicos indexados adotem futuramente sistemas de gestão de manuscritos que contribuem decisivamente para organizar a composição e funções do corpo de editores dos periódicos e tornar mais eficaz e eficiente a gestão dos processos de avaliação dos manuscritos.

Como citar este post [ISO 690/2010]:
Periódicos SciELO aperfeiçoam-se com a adoção de fluxos clássicos de gestão online de manuscritos. SciELO em Perspectiva. [viewed 15 September 2014]. Available from: http://blog.scielo.org/blog/2014/07/30/periodicos-scielo-aperfeicoam-se-com-a-adocao-de-fluxos-classicos-de-gestao-online-de-manuscritos/

Já no Scielo: Comentários pertinentes sobre usos de metodologias qualitativas em saúde coletiva

GOMES, Mara Helena de Andréa; MARTIN, Denise e SILVEIRA, Cássio.Comentários pertinentes sobre usos de metodologias qualitativas em saúde coletiva. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 469-477. Epub 13-Ago-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0271.

Com este texto visamos contribuir para o debate sobre a avaliação da produção e divulgação de pesquisas que se baseiam em metodologias qualitativas no campo da saúde coletiva. Procuramos relacionar as lacunas teóricas e metodológicas a indícios valorativos que atravessam os processos de pesquisa e avaliação de artigos publicados. Na ausência de explicitação dos valores que conduziram às escolhas imbricadas nas pesquisas, alguns periódicos recomendam recursos de avaliação que privilegiam procedimentos formais e técnicos. A avaliação é complementada com guias de confecção de artigos, dentre os quais os check-lists, que fornecem os itens valorizados. Estes fatores contribuem para reducionismos teórico-metodológicos e reforçam a crença na existência de um único método. Por fim, renovamos o apelo à imaginação e à diversidade de concepções sobre o que pretendemos conhecer.

Palavras-chave: Metodologias de pesquisa qualitativa; Avaliação por pares; Saúde Pública; Ciências sociais e humanas.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300469&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Já no SciELO: A expansão das Ciências Sociais na Saúde Coletiva: usos e abusos da pesquisa qualitativa

KNAUTH, Daniela Riva e LEAL, Andréa Fachel. A expansão das Ciências Sociais na Saúde Coletiva: usos e abusos da pesquisa qualitativa.Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 457-467. Epub 01-Ago-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0274.

A expansão e consolidação da área das Ciências Sociais em Saúde possibilitaram a valorização e difusão da pesquisa qualitativa. O crescente número de artigos submetidos a revistas científicas da área da Saúde Coletiva, bem como de dissertações e teses, que utilizam a metodologia qualitativa em suas pesquisas tem chamado a atenção dos cientistas sociais. O presente artigo se propõe a levantar alguns elementos no sentido de aprofundar a reflexão sobre as implicações da expansão das Ciências Sociais em Saúde, particularmente no que concerne à pesquisa qualitativa. Nossa experiência na avaliação de trabalhos da área indica a baixa incorporação da perspectiva epistemológica da metodologia qualitativa e do referencial teórico das Ciências Sociais nas pesquisas em Saúde Coletiva, resultando em estudos sem consistência teórico-metodológica, empíricos e que pouco contribuem para a compreensão dos fenômenos da área da Saúde Coletiva.

Palavras-chave : Pesquisa qualitativa; Metodologia; Ciências Sociais; Saúde Pública; Antropologia Médica.

Acesso: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300457&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Já no SciELO: Pesquisando na interface: problemas e desafios a partir da pesquisa qualitativa em saúde


GONCALVES, Helen e MENASCHE, Renata. Pesquisando na interface: problemas e desafios a partir da pesquisa qualitativa em saúde. Interface (Botucatu) [online]. 2014, vol.18, n.50, pp. 449-456. Epub 13-Ago-2014. ISSN 1807-5762. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0263.

Há crescente interesse e emprego de procedimentos metodológicos característicos da pesquisa qualitativa por diversas áreas do conhecimento que tradicionalmente não eram comuns. Na área da saúde, é reconhecida a importância da pesquisa qualitativa para a compreensão dos processos saúde-doença. Sua credibilidade tem sido questionada em vários âmbitos e relacionada a usos negligentes da abordagem qualitativa, como reduzir a relevância teórico-metodológica à aplicação de técnicas. O mau uso é mais frequentemente notado nas publicações quando a abordagem qualitativa é utilizada enquanto um kit de ferramentas. Simultaneamente, o “produtivismo” exigido pelas instituições tem obrigado os pesquisadores a rever objetivos mais amplos de análise/escrita. O olhar sobre um grupo/contexto requer um aparato teórico-metodológico, de modo a possibilitar inferir algo e propor rupturas teóricas e/ou evidenciar novos pontos sobre um tema conhecido.

Palavras-chave: Pesquisa qualitativa; Abordagem teórico-metodológica; Teoria social; Produção científica.

Acesso:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-32832014000300449&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Prorrogado prazo de submissão: Suplemento Interface - Pró-PET Saúde

Comunicamos que foi ampliado o prazo de submissão de artigos para o Suplemento Interface - Pró-PET Saúde até o dia 14/09/2014.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

CHAMADA DE ARTIGOS para SUPLEMENTO TEMÁTICO e LIVRO







MINISTÉRIO DA SAÚDE

SECRETARIA DE GESTÃO DO TRABALHO E DA EDUCAÇÃO NA SAÚDE (SGTES/MS)

INTERFACE: COMUNICAÇÃO, SAÚDE, EDUCAÇÃO

EDITORA REDE UNIDA


CHAMADA DE ARTIGOS para SUPLEMENTO TEMÁTICO e LIVRO

Experiências exitosas de formação em Saúde nas Redes de Atenção à Saúde 

e a interprofissionalidade: os grupos Pet-Saúde e a mudança nos cursos de 

graduação em Saúde


A revista Interface - Comunicação, Saúde, Educação torna pública a chamada de artigos para o suplemento temático “Experiências exitosas de formação em Saúde nas Redes de Atenção à Saúde e a interprofissionalidade: os grupos Pet-Saúde e a mudança nos cursos de graduação em Saúde.” Trata-se de iniciativa resultante da parceria com a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS) e a Editora Rede Unida.
A publicação deste fascículo visa incentivar a produção técnico-científica sobre a formação nas graduações em saúde nas redes de atenção à saúde e a interprofissionalidade no Sistema Único de Saúde, na perspectiva da produção compartilhada nos processos de ensino e experimentação no âmbito do SUS, promovendo o diálogo entre saberes, a integralidade do cuidado e o protagonismo dos usuários, fundamentais para o SUS que queremos: universal, equânime e integral.
Este suplemento é expressão do compromisso comum do Ministério da Saúde, da revista Interface e da Rede Unida em compartilhar conhecimentos, metodologias, ideias e práticas de educação, integrando esforços para ampliar o diálogo sobre as possibilidades de aprimoramento dos cursos de graduação em Ciências da Saúde. Configura-se como estratégia potente no sentido de fomentar a sistematização do conhecimento no campo, a qual é expressa como uma das premissas do PET-Saúde, coordenado pelo DEGES/MS.

Seções a serem cobertas pelo suplemento temático

Os artigos poderão ser submetidos às seguintes seções:
Artigos: textos ensaísticos, analíticos ou de revisão resultantes de pesquisas originais teóricas ou de campo referentes à temática do fascículo (até seis mil palavras).

Espaço aberto: notas preliminares de pesquisa, textos que problematizam temas polêmicos e/ou atuais, relatos de experiência referentes à temática (até cinco mil palavras).

Atenção: imagens, figuras ou desenhos incluídos nos manuscritos devem estar em formato tiff ou jpeg, com resolução mínima de 200 dpi, tamanho máximo 16 x 20 cm, com legenda e fonte arial 9. Tabelas e gráficos torre podem ser produzidos em Word ou Excel. Outros tipos de gráficos (pizza, evolução...) devem ser produzidos em programa de imagem (photoshop ou corel draw).

Observações gerais
1 Só serão aceitos para submissão estudos ou relatos de experiência que tenham como campo o PET-Saúde (Pró-PET Saúde, PET Vigilância em Saúde, PET Saúde Redes). Também é condição obrigatória para submissão que os manuscritos abordem, dentro do PET-Saúde, um ou mais dos seguintes temas: 1 Formação nas redes de atenção à saúde; 2 Interprofissionalidade; 3 Influência do PET-Saúde na mudança dos cursos de graduação em Saúde; 4 Influência do PET-Saúde na mudança das práticas dos serviços de saúde.

2 Os textos devem atender às normas para publicação da revista Interface, nas seções que irão compor o suplemento temático (Artigos e Espaço Aberto), conforme disponível no endereço: http://www.scielo.br/revistas/icse/pinstruc.htm

3 Os manuscritos submetidos serão avaliados em duas etapas, seguindo as normas da revista Interface, conforme descrito em “aprovação dos artigos”, no endereço referido acima. Serão publicados 50 manuscritos selecionados, segundo ordem classificatória, conforme segue: os vinte primeiros irão compor o Suplemento da revista Interface: Comunicação, Saúde, Educação e os trinta seguintes o livro da Editora Rede Unida.

4 O período de submissão dos manuscritos será de 15 de julho a 30 de agosto de 2014 no endereço: http://mc04.manuscriptcentral.com/icse-scielo

5 A publicação do suplemento temático e do livro está prevista para o primeiro semestre de 2015.