quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Já no SciELO: Contribuição ao estudo do imaginário social contemporâneo: retórica e imagens das biociências em periódicos de divulgação científica

LUZ, Madel Therezinha et al. Contribuição ao estudo do imaginário social contemporâneo: retórica e imagens das biociências em periódicos de divulgação científica. Interface (Botucatu) [online]. 2013, vol.17, n.47, pp. 901-912. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0661.

Artigo analítico sobre a retórica das imagens de biociências em periódicos em bancas de jornal, que pretende contribuir para pesquisas empíricas sobre representações sociais dominantes no imaginário contemporâneo, analisando as imagens das capas da mídia impressa sobre vida, saúde e doença. As mensagens veiculadas buscam ser impressionantes, atrativas e, sobretudo, convincentes, o que mobiliza a análise da retórica, com sua capacidade de convencimento da palavra fortalecida pela imagem. O texto articula um ensaio teórico sobre metodologia de análise da retórica, com a apresentação de resultados preliminares de campo, coletados em Porto Alegre e Rio de Janeiro. A abordagem contribui para a análise do papel social da divulgação das biociências na cultura atual.

Palavras-chave: Cultura; Biociências; Mídia; Retórica; Imaginário.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Já no SciELO: Comunicação profissional-paciente e cuidado: avaliação de uma intervenção para adesão ao tratamento de HIV/Aids

BELLENZANI, Renata; NEMES, Maria Ines Baptistella  e  PAIVA, Vera. Comunicação profissional-paciente e cuidado: avaliação de uma intervenção para adesão ao tratamento de HIV/Aids. Interface (Botucatu) [online]. 2013, vol.17, n.47, pp. 803-834. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622013.0051.

Abordagens cognitivistas da comunicação profissional-paciente e dos comportamentos em saúde predominam nas intervenções para apoiar a adesão ao tratamento de HIV/Aids. Mediante uma perspectiva construcionista social da comunicação profissional-paciente e de suas experiências com o tratamento, avaliou-se a implementação de uma intervenção psicossocial individual, composta por quatro encontros e informada pelo referencial da Vulnerabilidade e dos Direitos Humanos na dimensão psicossocial do Cuidado. No conjunto dos 16 encontros (quatro com cada voluntário), avaliou-se que o processo de implementação foi "moderadamente desenvolvido". Houve dificuldades para desenvolver conversas dialógicas e decodificar sentidos das falhas de adesão em situações sociais, articuladamente aos cenários interpessoais e socioculturais. Mesmo predominando orientações e incentivos aos pacientes, também ocorreram momentos dialógicos de co-compreensão das dificuldades de adesão, em seus diferentes sentidos nas cenas de tomadas. Esta modalidade de cuidado revela-se produtiva no campo das práticas em adesão.

Palavras-chave: Adesão à medicação; Assistência ao paciente; HIV/Aids; Comunicação; Avaliação.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Como as revistas Nature, Cell e Science e suas similares estão prejudicando a ciência

Traduzido por Thiago Forli Catanoso

Os incentivos oferecidos pelas principais revistas distorcem a ciência, assim como grandes bônus distorce o comercio bancário.

Por Randy Schekman
The Guardian – segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Eu sou um cientista. O meu é um mundo profissional que alcança grandes coisas para a humanidade. Mas é desfigurado por incentivos inapropriados. As estruturas que prevalecem da reputação pessoal e avanço de carreira significam que as maiores recompensas sempre seguem os trabalhos mais exuberantes, e não os melhores. Aqueles de nós que seguem estes incentivos estão sendo totalmente racionais – eu mesmo os segui – mas nem sempre melhor servimos nossos interesses profissionais, deixado de lado aqueles da humanidade e sociedade.
Todos nós sabemos o que incentivos distorcidos fizeram à finanças e ao comércio bancário. Os incentivos que meus colegas encaram não são grandes bônus, mas as recompensas profissionais que acompanham a publicação em revistas e jornais de prestigio – principalmente Nature, Cell e Science.
Essas revistas luxuosas são supostamente o epitoma da qualidade, publicando somente o melhor da pesquisa. Como financiamento e painéis de nomeação sempre utilizam os locais de publicação como um filtro para qualidade de ciência, ao aparecer nestes títulos sempre levam a subsídios e cadeiras acadêmicas. Mas a reputação dos grandes jornais somente está parcialmente garantida. Enquanto eles publicam muitos papéis ilustres, eles não publicam somente papéis ilustres. Nem são os únicos publicadores de pesquisas ilustres.
Estes jornais agressivamente cuidam de suas marcas, em vias mais conducentes para vender assinaturas que a estimular a pesquisa mais importante. Como designers de moda que criam edições limitadas de carteiras e trajes, eles sabem que escassez direciona a demanda, então artificialmente restringem o número de trabalhos de pesquisa que aceitam publicar. As marcas exclusivas são então comercializadas com um artificio chamado “fator de impacto” – uma nota para cada revista, medindo o número de vezes que os trabalhos são citados por uma pesquisa subsequente. Melhores trabalhos, em teoria, são citados com mais frequência, então melhores revistas alcançam melhores pontuações. No entanto é uma medida profundamente falha, buscando o que se tornou um fim em si mesmo – e tão danosa à ciência como a cultura de bônus para o comercio bancário.
É comum, e encorajado por muitas revistas, as pesquisas serem julgadas pelo fator de impacto da revista que à publica. Mas como a pontuação da revista é uma média, diz pouco sobre qualidade ou qualquer pedaço individual de pesquisa. No mais, citação é algumas vezes, mas nem sempre, associado à qualidade. Um trabalho pode se torar altamente citado por causa de sua boa ciência – ou por ser atraente, provocante ou errado. Editores de revistas luxuosas sabem disso, então eles aceitam papeis que agitarão porque exploram assuntos sensuais ou fazem afirmações desafiadoras. Isto influencia a ciência que cientistas fazem. Isto constrói bolhas em campos na moda em que pesquisadores podem fazer afirmações ousadas que estes jornais querem, enquanto desencorajando outros trabalhos importantes, como estudos de replicação.
Em casos extremos, o chamariz de revistas luxuosas pode encorajar a “cortar os cantos”, e contribuir para o crescente número de trabalhos que são retratados como falhos ou fraudulentos. A revista Science sozinha retratou recentemente trabalhos de alto perfil reportando embriões de clones humanos, a ligação entre detritos e violência, e o perfil genético dos centenários. Talvez pior, ela não retratou afirmações que um micróbio é capaz de usar arsênico em seu DNA ao invés de fosforo, apesar de esmagador criticismo cientifico.
Existe um melhor caminho, através da nova safra de jornais e revistas de livre acesso que é aberto a qualquer um para ler, e não possuem assinaturas caras para sua promoção. Nascidas na internet, eles podem aceitar todos trabalhos que se enquadram nos padrões de qualidade, sem proteção artificial. Muitos são editados por cientistas na ativa, que podem avaliar o valos dos trabalhos sem se calcar por citações. Como sei pelo meu editor de eLife, um jornal de livre acesso fundado pela Wellcome Trust, o Instituto Médico Howard Hughes e a sociedade Max Planck, eles estão publicando ciência de classe mundial a cada semana.
Financiadoras e universidades também possuem um papel a desempenhar. Elas devem dizer aos comitês que decidem os subsídios e posições para não julgar os trabalhos por onde são publicados. É a qualidade da ciência que importa, e não a marca das revistas.
Acima de tudo, nós cientistas precisamos tomar parte. Como muitos pesquisadores de sucesso, eu publiquei em grandes revistas de marca, incluindo os trabalhos que me fizeram ganhar o prêmio Nobel de medicina, que estarei honrado em receber amanhã. Porém não mais. Eu agora me comprometi meu laboratório a evitar revistas luxuosas, e encorajar outros a fazer o mesmo.
Assim como Wall Street precisa quebrar a questão da cultura de bônus, que direciona tomada de risco que é racional para alguns indivíduos mas prejudicial ao sistema financeiro, também a ciência deve quebrar a tirania das revistas e jornais luxuosos. O resulta será melhores pesquisas que melhor servirão a ciência e a sociedade.

Fonte: http://www.theguardian.com/commentisfree/2013/dec/09/how-journals-nature-science-cell-damage-science

Fonte (versão traduzida): http://dowbor.org/2014/01/como-as-revistas-nature-cell-e-science-e-suas-similares-estao-prejudicando-a-ciencia-janeiro-2014-2p.html/

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Uso do conhecimento científico para autogestão dos riscos demanda novas formas de prevenção contra Aids e DSTs (Press Release)

Homens que fazem sexo com homens (HSH) em parceria casual fazem uso do conhecimento científico sobre aids para gerir os riscos implicados em práticas sexuais sem preservativo. Ou seja, cada vez mais, as pessoas desenvolvem suas autonomias, apropriando-se de informações cientificas e compondo maneiras próprias de se arriscar frente às DSTs e HIV/Aids. Esse é um dos principais achados do artigo publicado na revista Interface: Comunicação, Saúde e Educação, pelo pesquisador George Moraes De Luiz, da PUC/SP.
Psicólogo social, o autor afirma que a aproximação dos HSH com a produção científica sobre HIV/Aids “tem se dado, sobretudo, por meio da escola, das organizações não governamentais, da mídia generalista (TV, jornais, revista Veja), médicos, internet, periódicos científicos, parceiros sexuais, farmacêuticos e anais de infectologia.” 
Resultado de sua dissertação de mestrado, o artigo baseado em um longo processo de entrevistas, salienta que tais estratégias, na maioria das vezes, seguem uma lógica racional, individual e não reproduzem o modelo adotado nas políticas de prevenção do governo brasileiro. As informações advindas de fontes estrangeiras são vistas, pelos participantes da pesquisa, como mais confiáveis e significativas em relação às brasileiras. Segundo o pesquisador, isso se deve a crença dos entrevistados de que “os debates no exterior são mais francos, abertos, enquanto aqueles que ocorrem no Brasil prezam pela cautela na divulgação de informações que ainda estão em fase de estudo”.
O autor acrescenta que na abordagem argumentativa dos homens entrevistados, misturam-se diferentes aspectos contemplados pelas políticas públicas: profilaxia pós-exposição sexual (PEP), correlação entre carga viral e possibilidade de infecção; e outros que, embora tenham bases científicas, não são referendados pela instância governamental, como a Tabela de Risco (elaborada pelo Centers for Disease Control and Prevention dos EUA), estudo suíço sobre a possibilidade de transmissão do HIV estar associada à carga viral, diminuição do risco pela circuncisão.
Com este estudo, espera-se contribuir para o desenvolvimento de novas estratégias de prevenção às DST e à Aids entre a população de HSH. O autor defende também a importância da discussão deste assunto por todos os segmentos envolvidos no debate das políticas públicas de combate à Aids.   
Intitulado “O uso da argumentação científica na opção por estilos de vida arriscados no cenário da aids”, o artigo está disponível integralmente no portal Scielo Brasil (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832013005000025&lng=pt&nrm=iso).

Contatos: 
George Moraes De Luiz
Doutorando em Psicologia Social / PUC-S
e-mail: george_psico@yahoo.com.br

Felipe Modenese
Interface: Comunicação, Saúde, Educação
e-mail: felipe.modenese@gmail.com