quinta-feira, 28 de abril de 2016

Mentoring: uma vivência de humanização e desenvolvimento no curso médico

MARTINS, Ana da Fonseca  e  BELLODI, Patrícia Lacerda. Mentoring: uma vivência de humanização e desenvolvimento no curso médico.Interface (Botucatu) [online]. In press. .  Epub 15-Abr-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0432.
Programas de Tutoria, por meio de uma relação próxima junto aos alunos, oferecem suporte e, também, um ambiente de reflexão para uma formação profissional segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Medicina. O objetivo foi compreender a experiência vivida por alunos de Medicina na atividade de Tutoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil. Pesquisa documental com análise fenomenológica dos relatórios produzidos pelos alunos. Os elementos experienciais revelaram três conjuntos temáticos: 1 O contexto da tutoria; 2 O vivido na tutoria; 3 A avaliação da experiência. A relação de tutoria mostrou contribuir tanto no enfrentamento das vicissitudes da formação quanto no exercício de habilidades como: a escuta, a aceitação e a comunicação, fundamentais para a boa atuação do médico. Revelando interseções entre as ações de suporte ao estudante e as demandas de formação em áreas humanísticas no currículo médico.
Palavras-chave : Mentoring; Tutoria; Educação médica; Pesquisa documental; Fenomenologia.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Trabalho gerencial em Unidades Básicas de Saúde de municípios de pequeno porte no Paraná, Brasil

NUNES, Elisabete de Fátima Polo de Almeida; CARVALHO, Brigida Gimenez;NICOLETTO, Sônia Cristina Stefano  e  CORDONI JUNIOR, Luiz. Trabalho gerencial em Unidades Básicas de Saúde de municípios de pequeno porte no Paraná, Brasil. Interface (Botucatu) [online]. In press. .  Epub 01-Abr-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0065.
Visando compreender como as dimensões organizacional, política e relacional afetam o cotidiano do trabalho gerencial em Unidades Básicas de Saúde de municípios de pequeno porte do norte do Paraná, realizou-se estudo qualitativo cujos dados foram obtidos por meio de grupos focais. O enfermeiro é o que mais desenvolve a função gerencial, porém, informalmente. O modelo gerencial verticalizado e autoritário predomina, e há fragilidade no exercício frente à autonomia e ao corporativismo de profissionais. Na dimensão política, interesses político-partidários sobrepõem-se às decisões gerenciais; e, na dimensão relacional, há manifestação de conflito, com desrespeito e disputas, mas, também, colaboração, com diálogo e trabalho em equipe. Nesses municípios, os processos gerenciais são pouco desenvolvidos, necessitando de profissionalização e oficialização do cargo, além do desenvolvimento de educação permanente.
Palavras-chave : Atenção Primária à Saúde; Administração de serviços de Saúde; Gerência; Recursos humanos em Saúde; Conflito.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Desenvolvimento e implementação de um ambiente virtual de aprendizagem na área da saúde: uma experiência de pesquisa baseada em design

STRUCHINER, Miriam; RAMOS, Paula  e  SERPA JUNIOR, Octavio Domont de. Desenvolvimento e implementação de um ambiente virtual de aprendizagem na área da saúde: uma experiência de pesquisa baseada em design. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.57, pp.485-496.  Epub 23-Fev-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0676.
O estudo apresenta uma experiência de Pesquisa Baseada em Design (PBD) no contexto de duas disciplinas de graduação de Psicologia em uma universidade pública. Pesquisadores em Tecnologia Educacional e sua equipe, professores de Psicologia Médica e Psicopatologia trabalharam colaborativamente no planejamento, desenvolvimento e implementação de um ambiente virtual de aprendizagem (AVA), com a finalidade de apoiar o ensino-aprendizagem na área da saúde cujas abordagens se baseiem na narrativa dos pacientes sobre suas experiências de adoecimento e tratamento. Analisamos todas as etapas da PBD: definição do problema e da teoria norteadora, bem como a intervenção em contexto real de aprendizagem. A partir da análise das fases da PBD, foi possível gerar cinco princípios de design, que, embora tenham nascido de um contexto específico, apontam contribuições para pesquisas em contextos semelhantes.
Palavras-chave : Pesquisa baseada em design; Ambiente virtual de Aprendizagem; Narrativa sobre adoecimento e tratamento; Ensino na área da Saúde.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Educação Permanente em Saúde Mental: relato de experiência

MEDEIROS, Gabriel Teixeira de; NASCIMENTO, Fernando Aparecido Figueira do; PAVON, Renato Gomes  e  SILVEIRA, Fernando de Almeida. Educação Permanente em Saúde Mental: relato de experiência. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.57, pp.475-484.  Epub 02-Fev-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0232.
Este artigo relata o desenvolvimento do curso-piloto de formação em Saúde Mental, Doutor, eu sou normal? Reuniu usuários, técnicos e gestores do Núcleo de Atenção Psicossocial de Santos I (NAPS I). O projeto objetivava, com as temáticas propostas, analisar sua aplicação teórico-metodológica e refletir sobre o cuidado em Saúde Mental, com os diferentes atores envolvidos. A análise da aplicação indicou importantes problemáticas do campo da saúde mental: o processo de medicalização, a produção da loucura, o apagamento das subjetividades e o controle dos sujeitos. Assim, proporcionou reflexões sobre o protagonismo dos participantes, os processos histórico-sociais relacionados às terapêuticas e saberes sobre o sofrimento psíquico, e, ao mesmo tempo, despertou importantes reflexões sobre a dimensão ético-política do cuidado.
Palavras-chave : Saúde mental; Foucault; Interdisciplinaridade.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Quando a alegria entra no centro de saúde: uma experiência de promoção da saúde em Buenos Aires, Argentina

BANG, Claudia; STOLKINER, Alicia  e  CORIN, Marcela. Quando a alegria entra no centro de saúde: uma experiência de promoção da saúde em Buenos Aires, Argentina. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.57, pp.463-473. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0582.
Como parte da pesquisa de pós-doutorado, o trabalho descreve e analisa uma experiência de promoção e educação para a saúde integral, desenvolvida por um Centro de Saúde e Ação Comunitária em uma zona marginal urbana do sul da Cidade de Buenos Aires. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, que utiliza técnicas qualitativas para o trabalho de campo e análise do material. Articulado com as dimensões da APS integral, descreve-se e se analisa um dispositivo vincular, centralizado na interdisciplina e na articulação intersetorial como elementos-chave da organização dos cuidados com a saúde, com a inclusão da dimensão intercultural e a participação comunitária. Incorporam-se atividades de promoção de saúde integral com o foco na arte, na criatividade e no jogo, constituindo uma experiência resistencial ao modelo biomédico de atenção, com forte impacto subjetivo nos profissionais e na comunidade participante.
Palavras-chave : Promoção da Saúde; APS Integral; Interculturalidade; Saúde Mental; Criatividade.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Práticas Integradas em Saúde I: uma experiência inovadora de integração intercurricular e interdisciplinar

TOASSI, Ramona Fernanda Ceriotti  e  LEWGOY, Alzira Maria Baptista.Práticas Integradas em Saúde I: uma experiência inovadora de integração intercurricular e interdisciplinar. Interface (Botucatu)[online]. 2016, vol.20, n.57, pp.449-461.  Epub 22-Jan-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0123.
Este artigo analisa uma experiência curricular inovadora chamada ‘Práticas Integradas em Saúde I’, proposta pela Coordenadoria de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O foco do estudo são os processos de ensino-aprendizagem em um contexto interdisciplinar e multiprofissional no território de uma Unidade de Saúde da Família do Distrito Sanitário Glória-Cruzeiro-Cristal, Porto Alegre. A metodologia utilizada envolveu a análise de conteúdo do plano de ensino da disciplina e de narrativas individuais e coletivas (diários de campo, portfólios e relatórios) elaboradas por estudantes e tutores entre 2012 e 2014. Esta proposta tem possibilitado o convívio entre estudantes e professores de diferentes cursos de graduação, aproximando-os dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde e transformando currículos. Também promove a compreensão das redes de saúde e a prática interdisciplinar do cuidado em saúde.
Palavras-chave : Educação Superior; Currículo; Serviços de integração docente-assistencial; Sistema Único de Saúde; Relações interprofissionais.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Saberes docentes sobre processo ensino-aprendizagem e sua importância para a formação profissional em saúde

FREITAS, Daniel Antunes et al. Saberes docentes sobre processo ensino-aprendizagem e sua importância para a formação profissional em saúde. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.57, pp.437-448.  Epub 22-Jan-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.1177.
O objetivo deste trabalho foi identificar os saberes docentes sobre processo ensino-aprendizagem em saúde dos professores de uma universidade pública. Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, na qual os dados foram obtidos por meio de entrevista com 11 professores, baseando-se no método da entrevista aberta ou em profundidade. Os resultados apontam carência na formação para o exercício da atividade docente em saúde, cujos saberes docentes específicos acarretam um processo de ensino-aprendizagem pautado no ensino tradicional. Ao mesmo tempo, indicam que, ao incorporarem novos saberes, elegem práticas inovadoras e facilitadoras em favorecimento do ensino-aprendizagem discente. Desse modo, destaca-se a necessidade de se ampliar a discussão acerca do tema, sobretudo no que se refere ao papel da gestão e à formação didático-pedagógica do corpo docente em saúde, essencial para se alcançar a formação preconizada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais.
Palavras-chave : Ensino-aprendizagem; Educação Superior; Docentes; Saúde.

terça-feira, 12 de abril de 2016

Docência em saúde: percepções de egressos de um curso de especialização em Enfermagem

FREITAS, Maria Aparecida de Oliveira; CUNHA, Isabel Cristina Kowal Olm;BATISTA, Sylvia Helena Souza da Silva  e  ROSSIT, Rosana Aparecida Salvador. Docência em saúde: percepções de egressos de um curso de especialização em Enfermagem. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.57, pp.427-436.  Epub 16-Fev-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0391.
Trata-se da percepção de egressos acerca do trabalho docente na especialização em Enfermagem, e é parte de pesquisa, finalizada em 2013, com 29 egressos. Estudo de abordagem qualitativa com coleta de dados em duas etapas: aplicação de questionário com perguntas abertas e fechadas, e entrevista semiestruturada. A análise dos dados foi realizada pela técnica da análise de conteúdo na modalidade temática, com identificação das Unidades de Contexto e de Registro para construção de categorias analíticas. Os resultados revelam a importância da formação pedagógica do professor universitário para compreender a relevância de seu papel de mediador de aprendizagens. Ainda há muito a se investigar sobre a formação e a prática docente no Ensino Superior, explorando trajetórias percorridas na formação, identificando lacunas e propondo caminhos de formação docente que os preparem para atender às necessidades e interesses dos estudantes do século XXI.
Palavras-chave : Trabalho docente; Educação em Enfermagem; Educação Superior.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Colaboração interprofissional: estudo de caso entre gestores, docentes e profissionais de saúde da família

ROCHA, Francisca Alanny Araújo; BARRETO, Ivana Cristina de Holanda Cunha  e  MOREIRA, Ana Ester Maria Melo. Colaboração interprofissional: estudo de caso entre gestores, docentes e profissionais de saúde da família. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.57, pp.415-426.  Epub 16-Fev-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0370.
Estudo de caso, de abordagem qualitativa, do tipo exploratório, com o objetivo de analisar a colaboração interprofissional entre gestores e docentes de três IES privadas que adotam a Estratégia Saúde da Família (ESF) como campo de estágio curricular para os seus discentes, gestores e profissionais das equipes da ESF, em Juazeiro do Norte-CE. O referencial teórico que orientou o desenho da pesquisa e a posterior análise do corpus de dados foi uma tipologia da colaboração interprofissional. A coleta de dados, realizada em 2011 e 2012, utilizou as seguintes técnicas: diário de campo, revisão de documentos e 25 entrevistas abertas com gestores e professores das IES, gestores e profissionais de saúde da Secretaria Municipal. A colaboração interprofissional analisada foi considerada incipiente, apontando a importância de se fomentarem saberes e práticas neste campo.
Palavras-chave : Relações interprofissionais; Educação Permanente em Saúde; Saúde da Família.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Já no scielo: Cursos de especialização em Saúde da Família: o que muda no trabalho com a formação?

SCHERER, Magda Duarte dos Anjos; OLIVEIRA, Camila Izabela de;CARVALHO, Wania Maria do Espírito Santo  e  COSTA, Marisa Pacini.Cursos de especialização em Saúde da Família: o que muda no trabalho com a formação?. Interface (Botucatu) [online]. In press. .  Epub 01-Abr-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0020.
A persistência de práticas orientadas pelo modelo biomédico e a desconexão entre trabalho e formação são apontadas como desafios para a Atenção Primária à Saúde no Brasil, que vêm sendo enfrentados com cursos de especialização. A partir da percepção de egressos, este artigo analisa as mudanças ocorridas no trabalho, decorrentes da formação em saúde da família e comunidade. Trata-se de um estudo qualitativo, realizado no Distrito Federal com médicos, enfermeiros e cirurgiões dentistas, por meio de: questionário eletrônico, entrevistas semiestruturadas e grupo focal. Da análise temática de conteúdo, surgiram duas categorias: “abriu-se um universo de conhecimentos” e “um novo modo de fazer em um contexto adverso”. O contexto é limitador, mas a formação teve potência para mobilizar um conjunto de ingredientes necessários para gerar a competência profissional.
Palavras-chave : Trabalho em saúde; Atenção primária à saúde; Saúde da Família; Formação; Ergologia.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Formar professores universitários: tarefa (im)possível?.

VASCONCELLOS, Maura Maria Morita  e  SORDI, Mara Regina Lemes de.Formar professores universitários: tarefa (im)possível?. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.57, pp.403-414.  Epub 16-Fev-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0450.
Este artigo deriva de pesquisa de pós-doutoramento a respeito de programas institucionalizados de formação docente. Pretende-se problematizar ações formativas para a docência no Ensino Superior realizadas em universidades públicas, com vistas a identificar riscos, tensões e desafios enfrentados pelos programas institucionalizados. Num estudo exploratório descritivo, foram consultados coordenadores de programas, por meio de entrevista presencial, e reconhecidos pesquisadores da área de formação pedagógica universitária, utilizando-se entrevista por e-mail. A análise apoia-se no método hermenêutico-dialético. Aparecem como desafios: a luta constante na resistência às políticas reguladoras que caminham na contramão de uma educação que vise a uma qualidade social; a sustentabilidade das políticas institucionais; a valorização de uma formação pedagógica universitária regida por princípios éticos e políticos aderentes à emancipação humana, e, como estratégia de luta contra-hegemônica, a construção de redes de articulação entre os programas existentes.
Palavras-chave : Ensino Superior; Docência universitária; Programas de formação docente.

Já no scielo: Trabalho de Campo Supervisionado II: uma experiência curricular de inserção na Atenção Primária à Saúde

ALMEIDA, Patty Fidelis de et al. Trabalho de Campo Supervisionado II: uma experiência curricular de inserção na Atenção Primária à Saúde. Interface (Botucatu) [online]. In press. .  Epub 18-Mar-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0692.
O componente curricular Trabalho de Campo Supervisionado II (TCS II), a partir da diversificação de cenários de aprendizagem, propõe a inserção na Atenção Primária à Saúde (APS) desde os períodos iniciais do curso de Medicina da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Este trabalho apresenta a experiência de discentes e preceptor de TCS II, em uma Unidade Básica de Saúde, nos 3º e 4º períodos. Da experiência do campo, acompanhada por meio de relatos escritos e reflexões, emergiram categorias utilizadas para descrever e analisar as contribuições da inserção sistemática na APS como dispositivo de mudança na formação médica. Conclui-se que a APS como cenário de aprendizagem é um espaço capaz de oferecer novas perspectivas de formação em saúde, com base nas necessidades de saúde da população, devendo permanecer como um espaço de prática nos períodos subsequentes do curso, o que, efetivamente, ainda não acontece.
Palavras-chave : Atenção Primária à Saúde; Educação Médica; Currículo.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Onde está a voz do paciente na educação profissional em saúde?

Angela Towle

Em novembro de 2015, a segunda conferência internacional ‘Onde está a voz do paciente na Educação Profissional em Saúde?’ foi realizada em Vancouver, no Canadá. A conferência reuniu 250 participantes de 16 países, incluindo o Brasil, para compartilhar experiências relacionadas a envolver os pacientes como participantes ativos na educação de profissionais de saúde. Surpreendentemente para uma conferência acadêmica, aproximadamente 20% dos participantes se identificaram como pacientes ou membros da comunidade e 13% eram estudantes. A conferência ocorreu dez anos depois que a primeira conferência internacional sobre esse tópico foi realizada em Vancouver, reunindo os pioneiros no campo para ‘mapear o território’ do envolvimento de pacientes1. Em 2015, percebemos o progresso significativo que houve na última década.

Perspectiva histórica do envolvimento de pacientes

A proposta de se considerar o ‘paciente como professor’ possui uma longa história. No início do século XX, William Osler, um dos fundadores da educação médica, insistia que os alunos deveriam aprender vendo e ouvindo os pacientes. No modelo de educação de Osler, os alunos aprenderiam medicina na sala de aula e no laboratório durante os dois primeiros anos e, nos dois anos seguintes, o hospital tornar-se-ia a faculdade, o paciente seria o centro da aprendizagem, e os livros e as aulas as ferramentas. A ideia de Osler de que o aluno deve aprender com o paciente no cenário clínico permanece até os dias de hoje. Embora o modelo tradicional de ‘ensino aos pés do leito’ esteja sendo substituído pelo ensino em ambulatórios ou na atenção primária, o papel do paciente ainda é essencialmente passivo. O paciente é utilizado como um livro didático vivo ou como ‘material clínico’ para ilustrar aspectos importantes ou interessantes de alguma doença ou deficiência, ou ainda como um sujeito no qual os alunos podem praticar suas habilidades clínicas. Nessas abordagens tradicionais, os alunos aprendem ‘no’ e ‘sobre’ os pacientes. No entanto, mais recentemente, os pacientes começaram a desempenhar papéis muito mais ativos como educadores, possibilitando que os alunos aprendam ‘com’ e ‘ a partir’ deles.

Programas que envolvem os pacientes como professores de habilidades profissionais essenciais começaram a ser desenvolvidos por profissionais da área de educação no início da década de 1970, em resposta a problemas identificados no ensino de habilidades clínicas ministrado por clínicos. Um dos principais problemas era que os alunos quase nunca eram observados ou recebiam feedback sobre seu desempenho2. Pacientes que se tornaram instrutores treinados utilizavam seus próprios corpos para ensinar e avaliar habilidades relacionadas a exames físicos e possuíam mais tempo para a prática e o feedback, do que os clínicos excessivamente ocupados. Além disso, proporcionavam um ambiente de aprendizagem seguro no qual os alunos sentiam-se menos pressionados em relação ao seu ‘desempenho’ do que quando eram instruídos por um clínico. Um dos exemplos mais citados é o dos pacientes com artrite que ensinam o exame músculo-esquelético. Ademais, pacientes instrutores provaram ser uma maneira ética e realista de ensinar exames íntimos, como os exames pélvicos e de mama. Muitos desses programas foram incluídos nos currículos de formação de profissionais de saúde.

Programas que envolvem pacientes em outros papéis que não o de professores de habilidades clínicas foram implementados pela primeira vez no início da década de 1990, como parte de um movimento a favor do envolvimento ativo dos pacientes. Tal movimento foi criado pela convergência de tendências relacionadas a políticas, pesquisas e oferta de serviços de saúde que enfatizavam a participação ativa da comunidade e de pacientes em muitos aspectos de seu cuidado2, e também a partir da convocação realizada pela Organização Mundial de Saúde para que as faculdades de medicina fossem socialmente responsáveis e abordassem as prioritárias questões de saúde das comunidades que servem A ampliação das políticas de participação dos pacientes e do público na oferta de serviços buscando incluir a educação dos profissionais de saúde e dos assistentes sociais que prestam esses serviços tem sido notável no Reino Unido, onde as políticas governamentais para desenvolver um Serviço Nacional de Saúde ‘conduzido pelo paciente’ resultaram nas iniciativas relacionadas ao ‘paciente como educador’ mais abrangentes do mundo, além de serem as que mais recebem apoio das instituições. Independentemente da política nacional de saúde, quase todas as profissões nesta área adotam uma versão de cuidado centrado no paciente em seus modelos específicos de boas práticas orientadas para as preferências individuais, as circunstâncias de vida e as experiências de adoecimento das pessoas.

Os benefícios de aprender a partir dos pacientes

Atualmente, o envolvimento dos pacientes se estende ao longo de todo o continuum educacional (inclusive em cursos de pós-graduação e de desenvolvimento profissional contínuo) e para diferentes profissões da saúde, como medicina, enfermagem e outras profissões relacionadas. Além disso, influencia o treinamento de equipes interprofissionais e multiprofissionais.

Os profissionais da área da educação descobriram que a expertise dos pacientes pode enriquecer a educação dos alunos de várias maneiras, possibilitando experiências de aprendizagem que de outra forma não ocorreriam e fazendo os currículos superarem o modelo biomédico tradicional.

A vivência da enfermidade (doença crônica ou deficiência) é um conhecimento experiencial único que os educadores de profissionais de saúde não possuem. Os alunos contrastam ‘a aprendizagem seca a partir de livros’ com a aprendizagem ‘poderosa’, ‘memorável’, ‘inspiradora’ a partir dos pacientes. Aprender com os pacientes auxilia os alunos a contextualizar sua aprendizagem acadêmica e promove o foco no paciente3.

Um dos objetivos de algumas iniciativas relacionadas ao envolvimento dos pacientes é moldar as atitudes e os valores dos aprendizes. Por exemplo, os programas Mentores de Saúde, nos quais os alunos interagem com pessoas que pertencem a populações marginalizadas, são criados para superar o estigma e os estereótipos associados a certos grupos, como os idosos ou pessoas com doenças mentais ou deficiências2. Há evidências de que esses encontros realmente encorajam os alunos a demonstrar atitudes mais positivas em relação a grupos que recebem atendimento precário ou para os quais não há um número suficiente de profissionais de saúde.

Em resumo, aprender com os pacientes pode contribuir para o desenvolvimento do raciocínio clínico, das habilidades comunicativas, de atitudes profissionais, de compreensão empática e de uma abordagem individualizada ao paciente; além disso, motiva os alunos ao proporcionar relevância e contexto2. Ademais, há benefícios para os pacientes envolvidos na educação dos alunos, como a satisfação de poder retribuir à comunidade, influenciando a educação de futuros profissionais, além do aumento da autoestima e do empoderamento. No entanto, há poucos estudos de qualidade sobre desfechos e não há evidências do impacto a longo prazo na prática, nem de benefícios a quem recebe o cuidado.

O espectro do envolvimento

A natureza, duração e até mesmo o propósito do envolvimento ativo de pacientes na educação variam muito de programa para programa e de país para país. Pode-se dizer que as maneiras pelas quais os pacientes podem se envolver na educação de profissionais de saúde formam uma escala de envolvimento2. No nível 1, as histórias dos pacientes são utilizadas para criar materiais de aprendizagem que são usados por educadores profissionais e professores clínicos. Por exemplo, as experiências dos pacientes podem ser a base para a aprendizagem baseada em casos, pacientes virtuais ou cenários para avaliações. Uma prática comum nos dias de hoje é o envolvimento de pacientes simulados e padronizados no ensino e na avaliação da comunicação, na coleta do histórico ou no ensino das habilidades relacionadas à realização de exames físicos (nível 2). Cada vez mais, os pacientes têm sido convidados a entrar na sala de aula para compartilhar sua experiência, que é pessoal e única, relacionada a doenças, deficiências e ao sistema de saúde, ou os alunos realizam visitas à família e à comunidade dos pacientes (nível 3). No nível 4, os pacientes desempenham ativamente um papel de ensino, ou por conta própria ou como co-professores, juntamente com profissionais. Podem receber treinamento para desempenhar esse papel e podem se tornar proficientes em fornecer feedback aos aprendizes; além disso, podem avaliar a competência dos alunos em áreas como foco no paciente ou comunicação. No nível 5, os pacientes são parceiros, não apenas no ensino, mas também no desenvolvimento do currículo. São membros de comitês, mas de maneira real, não simbólica, e são ouvidos e respeitados como educadores e especialistas. Finalmente, no nível 6, os pacientes se envolvem, em nível institucional, na tomada de decisões educacionais, como por exemplo, sobre currículo, seleção dos alunos, recrutamento de professores ou avaliação do programa. Entretanto, exemplos de envolvimento nos níveis 5 e 6 são raros. As barreiras ao envolvimento do paciente na educação dos profissionais incluem falta de apoio institucional e financiamento, desafios ao conhecimento e ao poder profissional e questões de representatividade e envolvimento de pacientes apenas de maneira simbólica.

Direções futuras

Na conferência ‘Onde está a voz do paciente na Educação Profissional em Saúde?’ reconhecemos que houve um grande progresso na última década. Em muitos países e profissões, há iniciativas educacionais inovadoras e de qualidade envolvendo os pacientes como educadores. Os próprios pacientes acreditam cada vez mais que têm contribuições importantes a dar para a educação. Contudo, também descobrimos que muitas dessas atividades são conduzidas por um pequeno grupo de entusiastas trabalhando isoladamente. Frequentemente, as atividades são fragmentadas ao invés de fazerem parte das estruturas educacionais da instituição; muitas vezes, têm baixa prioridade ou status.

Para que o progresso continue, os participantes da conferência elaboraram uma declaração para estabelecer as metas para os próximos cinco anos4.

A declaração resume o estado atual e apresenta nove prioridades de ação para os próximos cinco anos, necessárias para incluir o envolvimento de pacientes na educação de profissionais de saúde e assistentes sociais. Essas prioridades estão nas áreas de políticas, reconhecimento e apoio, inovação, pesquisa e avaliação e disseminação e intercâmbio de conhecimentos. Dentre elas, as ações que têm maior probabilidade de causar mudanças substanciais são aquelas relacionadas a políticas. Mudanças nesse nível requerem liderança dos tomadores de decisão no sistema de saúde e nos órgãos profissionais e também das pessoas diretamente responsáveis pela educação desses profissionais. Convocamos todos os líderes, educadores e clínicos para que formulem e estabeleçam expectativas de colaboração e parcerias com pacientes no início e ao longo de todo ocontinuum da educação para melhorar a qualidade do cuidado centrado no paciente e os desfechos em saúde.

Acesso em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32832016000200285&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

terça-feira, 5 de abril de 2016

VII Congreso Iberoamericano de Investigación Cualitativa en Salud

 O VII Congresso Iberoamericano de Investigação Qualitativa em Saúde terá lugar na Faculdade de Medicina da Universitat de Barcelona de 5 a 7 de Setembro de 2016.

O objetivo deste congresso é promover a investigação qualitativa em saúde na Ibero-América como aconteceu nos eventos anteriores realizados em México (2003), Espanha (2005), Porto Rico (2008), Brasil (2010), Portugal (2012) e Colômbia (2014). Pretende-se focar a reflexão em quatro temas centrais: a transdisciplinaridade e o trabalho em equipa; a ética; a epistemologia e metodologia e a formação/educação em investigação qualitativa.
 O lema escolhido para este congresso é Cidadania e transdisciplinaridade: Tecendo redes. Os problemas de saúde agravados pela crise económica e a iniquidade que afectam principalmemte as populações mais vulneráveis (crianças, imigrantes, idosos, doentes crónicos, mulheres), serão o objeto principal nos temas tratados neste congresso.
 Este congresso é organizado pela Universitat de Barcelona e o grupo AFIN da Universitat Autònoma de Barcelona e com a colaboração de outras entidades múltiplas.
 O prazo para envio de RESUMOS é 16 de abril de 2016.
 Você pode obter mais informações no nosso site: http://www.congresoiberoamericanoinvestigacioncualitativa2016.org/index.php

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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Prática pedagógica de enfermeiros de Saúde da Família no desenvolvimento da Educação em Saúde

ALMEIDA, Edmar Rocha; MOUTINHO, Cinara Botelho  e  LEITE, Maisa Tavares de Souza. Prática pedagógica de enfermeiros de Saúde da Família no desenvolvimento da Educação em Saúde. Interface (Botucatu) [online]. 2016, vol.20, n.57, pp.389-402.  Epub 23-Fev-2016. ISSN 1807-5762.  http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622015.0128.
Este estudo objetivou analisar, a partir da percepção de enfermeiros, a prática da educação em saúde no contexto da Estratégia Saúde da Família de Montes Claros, MG, Brasil. Trata-se de uma investigação qualitativa, descritiva e dialética cujos sujeitos foram oito enfermeiros residentes em saúde da família. Os dados foram coletados por entrevistas não estruturadas gravadas e transcritas para posterior análise do discurso. Os resultados revelaram duas categorias empíricas dicotômicas: a educação em saúde hegemônica e a prática dialógica. As contradições do discurso foram evidenciadas, pois, ao mesmo tempo em que os sujeitos descrevem uma educação participativa e problematizadora também relatam práticas baseadas na imposição de ideias e condicionamento da população. Deste modo, ficou demonstrada a pluralidade da realidade com avanços e retrocessos, traduzindo seu devir.
Palavras-chave : Educação em saúde; Saúde da família; Atenção primária à saúde; Enfermagem em saúde comunitária; Pesquisa qualitativa.