segunda-feira, 6 de abril de 2015

Lançamento livro: Saúde Coletiva: Dialogando Sobre Interfaces Temáticas

Um dos grandes desafios contemporâneos para os que militam na saúde coletiva, talvez seja compreender tamanha medicalização da vida que assistimos cotidianamente, e produzir modos de resistência a ela. Disseminados na rede em fluxo da sociedade, interesses corporativos, científicos, políticos, midiáticos e econômicos, ligados ao mercado da saúde e da doença, investem maciçamente para que não se deixe qualquer conduta ou sentimento humano escapolir a diagnósticos, prescrições ou terapêuticas.
Entre antigos e novos ma r g i n a i s , poucos se salvam. Adictos, drogados, prostitutas, moradores de rua, desempregados, hiperativos, desatentos, imaturos, envelhecidos, gordos, esquálidos, fumantes, sedentários, vigoréticos , mal humorados, ninfomaníacos, alcoolistas, neuróticos, deprimidos, e mais uma lista infindável, compõem o repertório de adjetivos que agora cabe a quase todos/as nós. Sujeitos a enquadres classificatórios, estigmas, medicações, observamos serem expropriadas nossas possibilidades existenciais – potentes, finitas, imperfeitas, enfim... humanas! O mais paradoxal: essas situações perversas têm sido justificadas em nome da busca de um “estado” de saúde e de bem-  estar individualizante, desconectado da realidade social iníqua que nos cerca.
Andar na vida experimentando a dor e a delícia de ser o que se é, sinaliza agora um pecado implícito. Assim, problematizar esse contexto preocupante, olhando e apontando possibilidades outras para uma defesa radical da vida é o que vislumbra a presente obra.
Seu coletivo de autores tem a pretensão explícita de buscar, conforme disse Michel Foucault “ouvir o ronco surdo das batalhas” e, produzir novas ideias e vontades para resistir aos macro e microfascismos que, cada vez mais, habitam nosso dia a dia.

Prof. Dr. José Damico


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