terça-feira, 5 de novembro de 2013

Press release: pesquisas na fronteira da comunicação, saúde e educação

O fascículo 46 da revista Interface - Comunicação, Saúde e Educação (referente ao trimestre jul./set. 2013 e com sumário disponível aqui) reafirma o compromisso e a identidade do periódico ao apresentar trabalhos de exploração crítica das fronteiras interdisciplinares do conhecimento sobre a saúde. Através de temas como novas estratégias para a formação e a prática em saúde, a violência, a participação popular nos rumos da saúde e a moradia para portadores de transtornos mental grave, esta edição contribui aos que buscam pautas para transcender visões unilaterais rumo a novos horizontes para a saúde humana.
Dentre os artigos selecionados pelo fascículo, alguns se destacam por sua atualidade, curiosidade e, portanto, seu interesse para a imprensa.
Em tempos de discussões acaloradas sobre a formação do corpo médico nacional, três trabalhos abordam a questão. O primeiro deles (disponível aqui), uma contribuição colombiana, identifica como a visita domiciliar familiar favorece a formação integral, pois o aluno torna-se mais consciente, mais motivado, e se ativa sua predisposição para aprender significativamente, além de impactar o perfil humanista-social dos estudantes como futuros profissionais da saúde.
Outro trabalho salienta a comunicação humanizadora para a formação do profissional em saúde a partir de uma educação emocional, ética e estética, que demonstre e sensibilize que aprender a auscultar as pessoas é tão importante quanto aprender a auscultar um coração, que o ensino de técnicas de comunicação é tão importante quanto o ensino de técnicas cirúrgicas (veja o texto aqui). Ainda um terceiro texto (aqui) chama a atenção para o estudo das narrativas que permeiam a prática médica e o poder inerente a elas, pois “não ouvir o doente na especificidade de suas narrativas pode, sim, levar à morte”.
Para aqueles interessados em esclarecimento sobre a violência, um dossiê (acessível pelo sumário) sobre o tema elenca três artigos de perspectivas diferentes e complementares. O primeiro levanta questionamentos sobre o uso do próprio termo “vítima” e seu peso sobre a construção da identidade das pessoas envolvidas. Já o segundo artigo denuncia os femicídios, que são mortes violentas de mulheres decorrentes do exercício de poder entre homens e mulheres, como crimes políticos e evitáveis. E o terceiro apresenta uma possibilidade ambiciosa e necessária de compreender os homicídios considerando sua complexidade, uma abordagem que se utiliza do modelo ecológico, que inclui a dimensão individual, os aspectos relacionais e familiares e o âmbito comunitário e social.
Além disso, três artigos salientam a relevância da participação popular nos rumos da saúde. Um é sobre a capacitação de moradoras de uma comunidade do Rio de Janeiro para um processo educativo transformador sobre o tabagismo feminino, salientando a integração eficaz entre saber acadêmico e saber popular para as estratégias de promoção da saúde (leia o artigo aqui). Tal integração também é abordada no artigo sobre as contribuições das plantas medicinais para a promoção da saúde na atenção primária. A revisão (disponível aqui) sobre programas e ações de fitoterapia no SUS ressalta que este é um campo que pode aproximar a comunidade, suas tradições e saberes, das instituições acadêmicas, compensando a forte tendência de regulação atual dessas práticas no SUS. 
Um terceiro artigo aborda a participação social no SUS de formas de não instituídas. Batizada de participação rizomática pelos autores, tal movimento é uma das “formas que o incomodo ganha no corpo dos usuários”, ou seja, a expressão dos desejos dos usuários em relação aos serviços, e, apesar de ser visto como algo negativo, sua análise pode ajudar a construir um serviço de saúde mais próximo das necessidades e desejos da população (link do artigo aqui). 
Outro artigo que pode despertar o interesse da imprensa é uma revisão sobre as ações de moradias destinadas a pessoas com transtorno mental grave no Brasil (disponível aqui). Como os autores apresentam, aproximadamente cento e vinte mil indivíduos estão nessa condição, e eles identificam pouca discussão sobre os limites do programa de Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e a quase inexistência de discussões sobre alternativas para as necessidades de moradia de pacientes graves ligados aos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). O trabalho indica a necessidade de novos caminhos possíveis de ampliação quantitativa e qualitativa para o problema.
Interface - Comunicação, Saúde, Educação é uma publicação interdisciplinar, trimestral, editada pela UNESP (Laboratório de Educação e Comunicação em Saúde, Departamento de Saúde Pública, Faculdade de Medicina de Botucatu e Departamento de Educação, Instituto de Biociências de Botucatu), dirigida para a Educação e a Comunicação  nas práticas  de saúde, a formação de profissionais de saúde (universitária e continuada) e a Saúde Coletiva  em sua articulação  com a Filosofia, as Ciências  Sociais e Humanas. Dá-se ênfase à pesquisa qualitativa.

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